O inseto mais próximo de ambos não parecia ter se intimidado pelo rosnado, muito embora estivesse numa clara desvantagem contra o dragão. Mas como insetos, parecia regido pelos instintos, sem qualquer tipo de raciocinio lógico ou de auto-preservação, e continuaria avançando na direção do dragão - agora, o unico ser vivo visivel pela multitude de olhos de seu enorme globo ocular negro e multifacetado. O inseto direcionou o ferrão para frente e, surpreendentemente, disparou-o como um arpão na direção do dragão. Um arpão de quase 1m de comprimento, em sua extremidade aquele liquido amarelado, cáustico, reservando uma surpresa para quem fosse atingido.
Mas...no meio do trajeto, algo dourado vindo de cima pareceu descer sobre o ferrão, um vulto rápido. A poucos metros da entrada do covil, Venkar poderia ver o que parecia ser várias lâminas dispostas radialmente sobre o centro, uma espécie de estrela metálica, de um metal dourado que parecia emitir brilho próprio. Yumi sentiria um mal estar imediato;a energia sagrada que aquela shuriken dourada emitia fazia esse efeito até mesmo naquela distância. Parecia ter atingido o ferrão em pleno vôo e cravado-o no chão, inutilizando o ataque da criatura. Um segundo se passou até que 5 daquelas armas alvejassem o enorme inseto; eram afiadas o suficiente para não encontrar qualquer resistencia na carapaça do inseto, atravessando-o em multiplos pontos, decapitando o abdome, asas, partindo o tórax em 2 e a cabeça ao meio, as laminas seguiriam seu curso na direção da floresta.
Uma voz feminina, forte, xingava do ponto de origem dos arremessos daquela arma.A voz era carregada de um tom rabugento, mas ainda assim era uma das mais belissimas que Venkar e Yumi teriam ouvido. Inspirava respeito e admiração, respeito e confiança, muito embora ainda sequer tivessem visto quem as dizia. Que, por curiosidade, não parecia emitir qualquer tipo de presença ou energia; não fosse sua voz, poderia passar facilmente desapercebida.
-Sinceramente, Fuyu...como você deixa uma horda desse tamanho de Baalzebub, o Senhor Das Moscas, vir pra Terra com tanta facilidade assim?Seu idiota...vamos ter uma conversa séria sobre isso depois...E finalmente, a dona daquela voz saltou para frente do covil. Era uma silhueta feminina, vestindo trajes brancos com detalhes em dourado bem aderidos ao corpo, cobrindo-a dos pés até o nariz, deixando somente os olhos dourados brilhantes e os longos cabelos loiros soltos, caindo-lhe até a cintura. Parecia ser um traje usado por espiões, assassinos, ou ladinos, mas o branco demonstrava uma pureza incaracteristica para tais funções. O que mais chamaria a atenção na mulher, porém, seriam os 3 pares de asas angelicais, que agora começavam a se fechar, que abertas teriam quase 3,5m de envergadura.
Ainda não parecia emitir qualquer tipo de aura, energia, cheiro, ou nada do tipo, muito embora a visão daquela belíssima e graciosa mulher parecesse deixar claro se tratar de uma figura esmagadoramente imponente. Ali, de costas para Venkar, apenas observava os restos do inseto no chão, seu sangue corrosivo se espalhando pelo chão, e infelizmente sobre o restante do veado morto - provavelmente nao seria prudente comer aquela outra metade. Virou o rosto pro lado, olhando para o enorme dragão negro ali, parecendo curiosa com aquele ser. Baixou a máscara que cobria o rosto; os lábios da arcanja, assim como os contornos de seu rosto pareciam quase esculpidos por uma entidade divina, de fato; obviamente nao era humana; era impossivel um ser humano ter tamanha simetria e perfeição nos traços.
-Um...demonio? não, não parece...o que está fazendo aqui? O que você é?No céu, a nuvem de insetos permanecia se aproximando, perigosamente. Deveria haver centenas daquelas abelhas, vespas, o que fossem. Ainda assim, a loira não parecia dar mais atenção à eles do que dava agora a Venkar. Não havia hostilidade nos olhos dourados da mulher, havia apenas...curiosidade.