Artemia Seg Set 12, 2016 5:29 pm
Quando Axle segurou Artemia e a puxou para longe de Tetsuya, a ruiva esbravejou enquanto tentava bater na armadura metálica do reploid. Apesar de cerrar os dentes e gritar palavrões, a raiva que a movia já começava a se dissipar dentro de seu coração. Ela viu a aproximação de Tetsuya como uma audácia e, por isso, ainda sentia que precisava manter a postura enraivecida de antes, embora já não estivesse com a mesma intensidade. Porém, o que a deixou confusa foi a série de afirmações tanto do raposo, como do próprio reploid acerca de si mesma. Não entendeu o que queriam dizer com “se perder de si mesma” e “se esquecer quem é”. Obviamente, estava tudo sobre controle! Ela tinha o anjo bem ali, nas suas mãos!
Contudo, a ruiva parou para pensar. Talvez Tetsuya quisesse ele mesmo aniquilar o anjo que tanto fez mal durante a sua infância. Pensando por esse lado, Artemia realmente não tinha o direito de tortura-lo daquela forma: a presa era do vulpino, não dela. Com essa ideia fixa na cabeça, a ruiva se acalmou em questão de segundos, respirando fundo e dando um passo na direção de Tetsuya.
- Eu não sei do que você está falando, seu raposo tarado! Não tem como eu me esquecer quem sou, mas que raio de pergunta foi essa, Axle?!
Ela claramente não acompanhou de forma consciente sua transformação em outro ser bizarro, o que dificulta ainda mais o entendimento do acontecido. Artemia estava confusa, franzindo o cenho, procurando nos rostos de todos as respostas de perguntas que eles mesmos fizeram a ela. E então, finalmente notou o olhar admirado de Jasor, o leve rubor de Tetsuya e a impassividade de sempre de Axle.
- Me vestir? Como...
Olhando para baixo, Artemia nada viu além de seu corpo voluptuoso e completamente desnudo. Por um instante, a ruiva teve uma automática reação da época em que ainda era humana, arregalando os olhos e tampando os seios com os braços. Apenas após alguns segundos ela pôde reparar que seu corpo já não mais a causava embaraço, muito pelo contrário: os olhares de todos na sala a deixavam com uma sensação de prazer imediato, como se as reações tanto de Jasor, como de Tetsuya, a satisfizessem de forma excitante.
Artemia tomou seu tempo para apagar as chamas verdes que ainda chamuscavam no chão, estalando os dedos. Estranhamente, se sentia viva, sem dor, ao contrário de antes.
- Quem tem que parar de me olhar é você, Tetsuya. O Jasor pode me olhar o quanto ele quiser... – disse ela, piscando um olho para o barman, enquanto sorria maliciosamente. Muito daquilo era para irritar Tetsuya, afinal de contas, seu coração batia velozmente no peito apenas por estar próxima a ele. Lutando contra qualquer sentimento em relação a Tetsuya, ela certamente não daria o braço a torcer tão facilmente.
Atrás de Fuyu, uma luz fraca surgia e pulsava diante da ruiva. Era Poppy, e Artemia soube imediatamente o que fazer: com o movimento de uma mão, a luz pulsou mais uma vez e desapareceu. Antes que fizessem perguntas, ela disse:
- Poppy perdeu muita energia. Eu e ele possuímos uma ligação mágica que faz com que tudo que me afeta, afete ele também. Por isso, coloquei ele para descansar.
E então, finalmente a ruiva estalou os dedos e novas roupas apareceram em seu corpo: uma calça de látex preta e justa acentuou ainda mais suas curvas, um bustier preto e vinho servia como um corpete sensual em seu torso, deixando os seios ainda mais volumosos. Era como se a parte angelical da ruiva não mais existisse, embora ela conseguisse sentir algo diferente dentro de si. O que quer que tenha acontecido entre ela e aquele anjo no círculo de fogo verde, ela certamente havia encontrado uma forma de temporariamente não ser mais afetada pela torturante aura angelical.
- Quanto a você, seu insolente afobado... – disse ela, caminhando perigosamente na direção de Tetsuya, apontando um dedo e cutucando-o no ombro - ... já que me fez perder a única fonte de informação possível neste buraco, então me explica como é que eu vou desfazer essa droga angelical que aquele desgraçado colocou em mim.
Ela mais uma vez o cutucou com a ponta do dedo, parando a cerca de um centímetro de distância, encarando-o profundamente nos olhos. Apesar de ter adotado a nova faceta autoconfiante e determinada, Artemia não conseguia manter-se firme no olhar severo devido às lembranças de seu tempo ao lado de Tetsuya que passeavam em sua mente. Levemente embaraçada pela proximidade e pelo simples contato com a ponta do dedo, a ruiva desviou o olhar para Axle.
- O que eu vou fazer? Não sei até quando vai durar essa melhora de agora. E se o que o anjo falou for verdade sobre essa guerra... – Artemia suspirou.– Acho que não é mais um problema só meu, e sim de todos.