Tetsuya Kitsune Sáb Abr 30, 2016 3:01 pm
Tetsuya parecia querer arrancar o proprio peito,tamanha força exercia contra o próprio, à beira de rasgar a propria camisa. Era como se mostrasse que sentia o peito ser dilacerado por uma dor descomunal. Sentia as batidas do proprio coração se tornando cada vez mais lentas, como se pudesse sentir agora mais do que nunca o corpo de Artemia desfalecendo-se novamente...o percurso de vôo até ali demorara alguns minutos preciosos para a succubus, e havia pouco tempo.
Tão logo fora deixado ao chão, numa expressão facial de dor,ergueu uma das pernas, ajoelhando-se para frente. Não tinha forças para caminhar. Impulsionou-se para frente com as 9 caudas, agora à mostra, e passaria rapidamente por Axle e Poppy, quase chocando-se contra o sofá em que a ruiva repousava. Parecia ignorar a tudo e todos, senão a demonesa à frente. E antes que pudessem dizer-lhe algo, o raposo pegou a cauda pontiaguda de Artemia e cravou-a na propria mão esquerda, usando a direita para pressioná-la ainda mais.
A aura mista de Tetsuya inflamou-se quase imediatamente, vibrando no ar de forma intensa, tornando-se visivel até mesmo a Axle, semelhante ao efeito em que vira dentro do cristal. A luz dourada parecia iluminar a sala com a mesma força que a lareira onde Jasor, ainda nu, repousava ainda desnorteado e confuso. Os veios negros pareciam deslizar ao redor e por dentro da aura luminosa, como serpentes num lago de luz. Aquilo seria quase um farol extremamente chamativo para qualquer criatura com um minimo de sensibilidade a magia, o que por si só era algo perigoso considerando-se a situação que viviam em NeoUolCity, algo bastante preocupante para alguem que pudesse pensar de forma mais racional no momento, como Axle.
Era estranho imaginar que estava segurando tanta energia dentro de si, apesar de ter cedido a Artemia duas vezes no inferno, não fazia tanto tempo. Mais estranho ainda era o fato de ter aquela quantidade chamativa de magia e não ser capaz de nem metade do potencial de Yumi em manifestações de gelo, por mais que a luz e trevas dentro de si não se anulassem. E pouco a pouco, o mestiço ia transferindo sua energia à ruiva. Ao contrário da esfera de luz, parecia ser capaz de manter aquela transferencia por um tempo significativamente maior. Não era o melhor método, mas nem ele nem Artemia conseguiriam fazer aquilo de uma "maneira melhor" naquele momento.
Pouco a pouco a luz ia reduzindo sua intensidade, e os veios negros reduzindo a frequencia de seu deslizar sombrio, e logo a aura visivel tornaria-se novamente imperceptivel ao reploid, embora os com afinidade para tal ainda poderiam vê-la em torno do raposo de 9 caudas. Apesar da energia estar sendo drenada velozmente, Tetsuya parecia reduzir sua expressão de dor, e logo dava espaço a um sorriso cada vez mais cansado. Ainda não proferia uma só palavra, mas debruçaria-se sobre Artemia, levando a mão direita a seu rosto, numa lenta carícia aliviada que chegara a tempo. Nao importava se ela não mais o queria, tudo o que desejava era que se recuperasse, que fosse feliz.
Mais e mais de sua propria energia ia sendo drenada, de forma que seu rosto tombou para frente, sendo "alcochoado" pelo busto da ruiva, levando-o a um discreto rubor, enquanto Tetsuya ainda olhava-a, da mesma forma pueril, abobalhada de antes, perdido em cada detalhe, cada curva e delineamento de seu rosto. Antes que ficasse ainda mais fraco a ponto de desmaiar, o raposo tirou a cauda da propria mão, após aquele longo e extenuante minuto. Respirou fundo, aliviado. A dor cessara, e mesmo a dor da rejeição que sentiria quando Artemia despertasse não era nada comparada à dor da perda. Jamais iria se recuperar se perdesse outra pessoa querida novamente, num espaço tao curto de tempo.
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A esfera de luz permaneceu estática ali, flutuando no ar, em um silêncio que durou vários segundos. Fuyu pensara em diversas formas em como começar aquele diálogo com a filha. Revisara cada palavra, no tempo que parecia ser infinito no cristal que Artemia carregara, e naquele momento elas lhe falhariam. Talvez estivesse atento ao que o filho fazia, temeroso em que fizesse uma besteira, como sacrificar a propria vida, mas pareceu acalmar-se ao notar que aquele não era seu plano. Ainda que desesperado por salvar a ruiva, Tetsuya não era tão inconsequente assim...e logo voltava sua atenção à filha.
Como começar aquilo? com uma piada descontraída para "quebrar o gelo?".O silencio prolongado começava a desconcertá-lo. Mas subitamente, sem que o proprio kitsune pudesse prever, o cristal começou a emitir um feixe de luz para o chão, de onde duas massas translucidas se erguiam e lentamente adquiriam uma forma mais definida e delineada. Braços, pernas, cabeça e....caudas vulpinas. Uma das figuras se mostrou ser uma mulher já de olhos molhados, abraçada a um homem que parecia tentar manter a compostura e seriedade, mas assim como a mulher ao lado seus olhos transparentes pareciam vibrar em lágrimas.
-Veja como nossa menina cresceu... - a mulher dizia,agitando a cauda vulpina para os lados, de forma não muito diferente a um cão genuinamente feliz. O homem gesticulou algo com a boca, mas engoliu ao perceber que choraria. Ao contrário, um pouco orgulhoso, pigarreou, procurando mostrar-se mais controlado que a mulher.
-Mas é claro que ela cresceu, já se passaram anos desde que....desde aquele dia. Yumi, vê-la sã e salvo hoje nos deu a certeza de que tudo o que fizemos valeu a pena. Não nos arrependemos de nossa escolha, por mais que planejássemos algo diferente para nossa família... - o homem dizia, complementando. Aparentemente, tudo o que precisou foi de um "Pontapé inicial" para que as palavras fluissem de forma mais natural. Como queriam poder abraçar a filha agora! Seus corpos espectrais, no entanto, permitiam apenas que abraçassem um ao outro, de forma que tal desejo se transformaria num abraço mais apertado da mulher sobre o marido.