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O que aconteceu após o golpe militar de 17 anos atrás...


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Artemia
Jasor Messast
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    Interior da Floresta

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    Mensagem  Jasor Messast Sáb Jul 16, 2016 12:18 pm

    Havia muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. O amargor do inferno ainda estava recente enquanto meio curvado para frente e despido, sua cabeça ligeiramente deitada para um lado, testemunhava atordoado a mutação que ocorria com Artemia. Luzes e sombras brigavam para ter o controle dela ? Eis que uma bola luminosa surge, zanzando e flutuando, chegando ate Yumi e puxando um livro. E do nada uma espada se materializa ! E é jogada para o reploid ! A bola queria que...cortasse a luz e a nevoa que atormentavam Artemia com aquela katana. Isso deveria livra-la do que quer que acontecia.

    A luz de fora estava sendo barrada por algo, algo que caia com enorme peso. Demorou uma fração de segundo para Jasor reconhecer o dragão. Seus olhos arregalaram-se, e ele se jogou para trás do sofa. Não sabia se tinha sido visto, mas era o unico lugar onde podia se esconder ali. Poderia ter subido as escadas mais uma vez, pegado algo e sumido. Mas estava curioso para ver o que acontecia com Artemia, tinha que ver o que estava acontecendo.

    O corpo desprotegido, coberto de cinzas e carvão, logo voltaria a sentir frio. Além da vergonha que ja era uma constante. Mas no sofá havia um pano que a ruiva usara para se cobrir. Jasor puxou o tecido para si e se enrolou no lençol, finalmente encontrando algo para se cobrir. Tetsuya e Yumi estavam ali perto tambem, mas ele não prestava atenção neles. Principalmente porque a raposa falava com Venkar...

    Apreeensivo, viu quando o rosetto avançou, brandindo a espada. Temia que ele errasse e a acertasse, mas os reploids geralmente não cometiam esse tipo de falha. "Funciona !", o anjo disse. Funciona o que ? Ele tinha feito aquilo ? Tinha sido ele que acerto a succubus com uma flecha ? Se não fosse pelo dragão, ja teria feito aquele vagabundo celeste cuspir a verdade pra fora. Junto com alguns dentes.

    - Funciona...

    Sussurou para si. Não pelo mesmo motivo do anjo. Desejava que a espada libertasse Artemia daquela coisa louca.
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    Mensagem  Tetsuya Kitsune Sáb Jul 16, 2016 5:03 pm

    A espada de fato precisaria de alguém habilidoso, alguém com experiencia para usá-la: o tamanho da lâmina tornava-a completamente imprópria para ser usada num ambiente relativamente pequeno, como aquela casa. O reploid não veria dificuldade em usá-la; há quantas décadas empunhara um sabre?Não era algo tão diferente.

    O corte diagonal inicial pareceu criar um rasgo brilhante no chão, em meio à escuridão e a balada infernal que clamava pela alma da ruiva; e como que sugada por um buraco negro, era puxada velozmente para dentro do rasgo, lacrando e fechando o rasgo. Por um breve segundo, o corpo de Artemia começou a elevar-se em direção à unica força que a puxava para o céu, mas a mesma coisa ocorreu tão logo Axle desferiu o segundo golpe. Novamente, o rasgo brilhante sugava o coro de vozes afinadas. Artemia cairia ao chão pela ação da simples gravidade, não estando mais sujeita ao conflito que içara seu corpo no ar. Mas dentro de seu corpo, a batalha continuaria...

    O anjo se calou, murmurando maldições para si mesmo. Apesar do destino que tomara e o de seus colegas, ao menos tivera o êxtase em ver que o plano funcionara. O brilho no olhar, confiante apesar de sua clara desvantagem parecia repetir as palavras que antes dissera. Funcionou. Funcionou.

    Quando finalmente a paz momentanea retornara ao lugar, o livro mágico voltou flutuando para o lado de Yumi. Naquele mesmo momento, Tetsuya parecia recuperar-se, em grande parte pela energia cedida pela irmã e, indiretamente, pelo dragão. Observava ao redor, o olhar ainda um pouco assustado. O que acontecera afinal? Só se lembrava do clarão de luz. Antes que pudesse raciocinar direito, um vulto espectral se formou à sua frente.

    A fisionomia de Fuyu rapidamente tomou forma e, apesar de ainda não estar completo, o fato de ter tido contato com aquele livro parecia ter-lhe dado mais tangibilidade; ainda não podia tocar diretamente, mas tanto Yumi quanto Tetsuya poderiam sentir aquela sensação, ainda que longinqua, de algo tocando-lhes conforme o raposo-pai abraçava a ambos, o rosto caido para frente. A voz vacilava um pouco, ao contrário do brincalhão de sempre.

    -Eu consigo me lembrar de mais coisas agora...e não tenho nada a fazer senão lhes pedir perdão por tudo o que fiz. Nunca tive a intenção de que passassem por tudo o que está acontecendo agora. E não tenho direito algum de pedir por isso, depois de tudo o que passaram, de tudo o que perderam, mas me perdoem...eu nunca...e acabei envolvendo a todos aqui...


    Sua voz estremeceu mais, e calou antes que perdesse a voz por completo. Ambos os filhos sentiriam uma espécie de "pressão" causada pelo abraço, mas ainda assim não era possivel sentir de fato seu toque. Fosse o que tivesse acontecido, a fala do demonio era um tanto preocupante. Como assim "envolvendo a todos"? Isso incluia Jasor, Venkar e Axle também?
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    Mensagem  Venkar Dom Jul 17, 2016 7:38 pm

    O elo que os ligava ainda sugava lentamente sua energia, ela pediu desculpas mas não o cancelou, provavelmente devido á vergonha ou o fato de estar com o meio-irmão em seus braços. Venkar podia sentir que ela o havia usado apenas para se proteger e fornecer apoio para Tets, por isso não estava irritado e exigido que ela cessasse a transferência.

    Haviam sido atacados por anjos? Mas anjos não eram do bem..? Porque... ahhh Yumi apesar de gentil era um demônio, assim como Artêmia também era. Isso explicava algumas coisas. Por causa de seu tamanhão, não podia fazer nada a não ser esperar ela sair.

    - Está tudo bem, não precisa se desculpar, eu entendo que foi necessário. Estou feliz que não esteja ferida.

    Falava de um modo gentil e preocupado, bem diferente das outras vezes que rosnava e mostrava os dentões em meio ás palavras. Não a repreendeu por ainda não fechar o elo, provavelmente o irmão desacordado ainda precisava de um pouco para se restabelecer.

    Olhava para o interior da cabana, Axle pegava algo no ar que parecia ser uma espada, mas não percebeu quem a jogou. Por um momento achou que o homem-flor-metal iria atacá-lo.. mas o viu se afastar raspando a ponta da arma no chão, a fazendo soltar faíscas e logo golpeou algo escuro pegajoso... estava tentando cortar a luz e trevas? Não compreendia exatamente o que estava havendo, e quando ouviu a voz do ser translúcido que parecia abraçar Yumi e Tetsuya, não soube o que pensar. Este ser pedia perdão a todos... mas ele não tinha feito nada contra o dragão, porque falava algo assim?

    Não notou Jasor pular para detrás do sofá, mas se o tivesse visto, não teria nada para falar para o pobre homem. O fato de tê-lo engolido e depois cuspido fora provavelmente o deixou com raiva ou medo suficiente para nunca mais haver alguma amizade entre os dois, principalmente por parte do humano. E havia ainda Artêmia, que flutuava só até o momento que Axle pareceu cortar algo com a espada brilhante, e caiu no chão. Venkar se preocuparia com ela depois... sua principal preocupação agora estava diante de si. E ela tinha Axle e Jasor para cuidar dela.

    E havia o fato do último anjo, ali no chão, sem uma asa. Havia sido ele que atacou sua companheira querida e os outros? Não havia nenhum corpo ali... então supôs que fora ele. Começou a rosnar baixo, não poderia cuspir fogo nele que poderia atingir os outros. Mas da cabana ele não sairia com vida...!

    - GGrrrrrr.... empurre-o para fora... Yumi, vou fazê-lo pagar por atacar vocês.
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    Mensagem  Yumi Hayashi Seg Jul 18, 2016 11:57 pm

    *Estava tão envergonhada que acabou esquecendo de fazer o que Venkar pedia. Esqueceu de cortar o ele que transferia a energia dele para ela.*


    - "Sua energia é, malignamente, agradavél."

    *Falou mentalmante e sorriu para o dragão encerrando a transferencia.*...* Ele poderia ver o quanto Yumi era amavel com Tets e talvez ele pudesse desejar que ela o tocasse daquela maneira. Talvez ter um corpo humanoide, as vezes, não fosse algo tão ruim.*

    - Tets tá tudo bem...quer dizer, quase tudo bem. Mas não precisa ficar assustado, eu vou cuidar de você.

    *Falou, apertando o abraço nele. Quando sentiu a presença do pai deles ali.*

    - Pa...Pai...? 

    *Olhava para aquele corpo quase translucido do seu pai.*

    - Porque pede desculpas? Porque não volta pra gente? Não é justo eu descobrir assim sobre você....e nem sobre meus outros pais....

    *Sentiu sendo abraçada por ele e não segurou as lagrimas.*

    - O que eu preciso fazer, para o senhor voltar? Me diga, por favor. 

    *Se perguntava do porque ele falava daquele jeito, aquilo não era o fim dos problemas? Era apenas a ponta do iceberg?!*...*Olhou na direção de Venkar e voltou os olhos para Fuyu.*

    - Eu moro com um dragão...achei que deveria saber, ele foi o primeiro ser que conheci quando vim para este mundo, o nome dele é Venkar. Ele é meu melhor amigo.

    * Olhou para Venkar fazendo uma cara de incentivo para ele falar algo. E olhou para o anjo depois do ultimo comentário dele*

    - Esse anjo serve de alguma coisa? Posso deixar o Venkar comer ele? Anjos devem ser iguarias...na verdade, posso comer a alma dele? Venkar não come almas...só a carne...por isso nos damos tão bem!

    *Falava com a naturalidade de um demonio que viveu mais entre os seus do que com humanos. Poderia soar extremamente errado para os outros, mas o verdadeiro alimento dela eram almas. Isso não dava para negar. Mas nunca comeu a de um anjo e tinha duvidas se era um "prato venenoso".*
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    Mensagem  Artemia Ter Jul 19, 2016 5:49 pm

    Axle havia finalmente cortado uma parte do grande sofrimento de Artemia, anulando a guerra externa entre a luz e as trevas que ocorria em volta da ruiva.

    Assim que o muco pegajoso da escuridão foi cortado, dissipando a névoa vermelha à sua volta, o coro divino aumentou a intensidade, cantando sua vitória em antecipação. Antes que pudesse carregar Artemia para os céus, o fino fio dourado foi cortado pela lâmina poderosa que Axle manuseava, causando a queda da ruiva em um baque surdo no chão. A queda era cerca de quatro metros de altura, o suficiente para acorda-la de seu estado inconsciente.

    Agora caída de bruços, os cabelos ruivos, longos e sedosos de Artemia se espalhavam pelo chão; as novas asas permaneciam abertas – sua envergadura era grande o bastante para não caber inteira na sala de sua casa, precisando dobrar-se ligeiramente para encaixar. Uma asa era iluminada, feita das mais puras plumas brancas; a outra, enegrecida em um vermelho bordô repleto de veios negros, cuja textura se assemelhava à uma asa de morcego.

    Não havia mais nenhuma névoa ao redor da ruiva, mas para aqueles que conseguiam enxergar auras, era possível vislumbrar toda aquela guerra de antes ainda acontecendo, dividida ao meio: à direita, a cor dourada se fixava; de outro, a viva cor vermelha de veios negros dominava sua esquerda.

    Alguns segundos depois, Artemia soltou um gemido baixo e moveu seu braço, pondo uma mão em sua testa e se erguendo aos poucos, apoiando-se em um dos cotovelos. Ela apalpou a cabeça e, com a mão trêmula, reparou que já não havia mais o par de chifres, e tampouco sentia sua cauda se mexendo involuntariamente, como antes.

    Assustada, ela apertou a mão na testa e se ergueu um pouco mais, conseguindo sentar-se com dificuldade. Uma dor pulsante e latente dominava seu corpo, como se rasgasse cada músculo interno de forma lascinante, deixando a ruiva atordoada e perdida, focando-se apenas em sua dor exasperada.

    Ainda com uma mão pousada em sua testa, tapando os olhos da terrível dor que sentia, Artemia escutou uma voz conhecida há muito por ela: Fuyu. Um alívio foi sentido em seu coração, e a vontade de alcança-lo para pedir ajuda gritou alto dentro de seu peito. Porém, assim que retirou ligeiramente os dedos de seus olhos, ela vislumbrou o abraço fraternal entre o raposo e seus filhos.

    Mesmo a dor excruciando seus sentidos e causando-lhe uma intensa tontura e queda de pressão, Artemia sorriu fraca, porém tenramente para a cena. Era tudo que ela esperava ver, desde que começara a jornada ao lado de Tetsuya; a ruiva acompanhou toda a mudança de atitude do vulpino até a tão esperada abertura de seu coração. A confusa e triste história envolvendo mentiras e intrigas foi finalmente explicada e o perdão pôde acontecer, prevalecendo em seus sentimentos mais profundos.

    Aquela cena surgiu como uma delicada rosa em meio a tantos espinhos.

    Ainda sorrindo, ela sentiu uma singela lágrima escorrer pela sua bochecha, denunciando o quanto havia se emocionado com o encontro dos três.

    Assim que a secou com as costas de sua mão, Artemia pôde ver melhor as condições ao seu redor. Axle foi o primeiro a ser visto: estava de pé, praticamente ao seu lado, brandindo uma espada longa e brilhante. Acima de suas cabeças o céu estrelado era visto, já escurecido pela noite que surgia.

    Mais à frente, do lado de fora da casa, uma enorme figura aproximava seu focinho do buraco no lugar da porta: era Venkar, e ele parecia estar com fome – pela forma como encarava o anjo sem uma asa. Sua casa estava completamente destruída; não apenas havia o enorme orifício no teto, mas seus móveis estavam quebrados e os poucos objetos espalhados ao chão. Seu sofá havia sido jogado para o lado e de trás dele alguém parecia se esconder, trajando apenas um cobertor retalhado. Era Jasor, e seu olhar assustado para o dragão era inegável.

    Ainda que estivesse com tamanha dor, a ruiva não deixou de rir baixinho da cena, curvando seu corpo para a frente e apoiando seu queixo em uma mão. Estava observando Jasor e o quanto estava assustado com tudo aquilo: mal ele sabia que o dragão havia salvado sua vida! Ela observou, também, que sua dor parecia diminuir um tímido grau enquanto se distraía - e isso era bom.

    Pelo menos naquele instante, Artemia não queria pensar em suas mazelas e na dor intensa em seus músculos. Não queria parar para pensar no que havia acontecido consigo, e que tipo de flechada foi aquela que a derrubou daquela forma. Também não tinha consciência da mudança ocorrida em seu corpo, em sua aura: sabia que não mais possuía o par de chifres, e também sabia que não sentia mais sua cauda. Por mais que tudo isso a preocupasse, observar o abraço entre Fuyu, Tetsuya e Yumi, bem como a confusão de Jasor perante Venkar, era muito, muito mais agradável.
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    Mensagem  Axle The Red Sex Jul 22, 2016 5:54 pm

    Nunca fora um perito no uso da espada. Sua arma de escolha era o chicote, que praticamente nascera com ele, e nela ele possuia uma alta proeficiencia. Mas o seu classico chicote era resultado de seu poder sobrenatural, aquele atrelado a maioria dos reploids. Desde que tinha perdido seus poderes, tinha adotado outro estilo de combate, improvisado mas eficiente. O sabre laser, presente do lendario artifice Proto, funcionava como uma arma normal de sua classe, com o bonus de conseguir se estender como um chicote com um ajuste. Um feito impressionante, moldar a luz da maneira desejada. A pistola que usava era uma arma padrão de reploids, que disparava projeteis de plasma. Com a ajuda de Doty, Axle tinha feito alterações para que a pistola fosse flexivel a algumas alterações, tornado-a adaptavel a algumas situações.

    Foi o tempo utilizando aquela configuração de combate que deu experiencia a Axle para usar a nodaichi de modo firme e certeiro. O peso não era um problema para ele, por isso so precisava se concentrar no equilibrio e precisão. E viu o que acontecia a cada movimento. O corpo dela se erguera alguns centimetros, como se a luz estivesse puxando-a, quando a nevoa foi eliminada. Aquilo significava que...o ceu e o inferno estavam querendo a alma dela ? Não tinha conhecimento o bastante para chegar a uma conclusão nem do porque, nem do como, mas sabia que o anjo sim.

    Ela imediatamente caiu no chão, e Axle ajoelhou-se ao lado dela preocupado, quando a viu se levantar confusão e letargica, olhando para todos...e rindo. Abraçou-a então, de leve, para não machuca-la

    - Dessa vez eu pude te salvar. Você tem o dom de atrair o perigo, Artemia. Não sei se da proxima vez conseguirei fazer algo, mas dessa vez, você ainda esta aqui

    Soltou o abraço devagar, olhando para o rosto dela. Estava ouvindo o que os outros diziam enquanto isso. Virou o rosto para Jasor, escondido detras do movel, e disse:

    -  Jasor, cuide dela

    Era o unico que parecia estar livre para fazer aquilo, e alem disso, talvez ele ainda sentisse algo que o compelisse a ajuda-la. Então ele se aproximou da familia de raposas, e cravou a lamina oriental proximo a Tetsuya.

    - Essa espada é sua herança Tetsuya, deixada por esse mesmo raposo que o abraça. Não sei como ela veio parar aqui, não pude protege-lo e a Artemia quando foi necessario, mas pelo menos isso posso cumprir.

    Então virou-se e caminhou na direção do anjo resmungante, pisando no braço intacto dele com seu pé metalico macico, causando provavelmente grande dor. Estava preocupado que acabassem com ele antes que pudesse tentar faze-lo desembuchar algo de valor.

    - Não Yumi e Venkar. No momento esse individuo é mais importante para nós vivo. Não necessariamente inteiro. O que funcionou, anjo ?

    Inclinava-se para frente, deixando que uma parcela maior de seu peso fosse distribuida para o pé sobre o inimigo.

    - Enquanto isso, conte-nos Fuyu, no que foi que nós nos metemos ?

    Estava especialmente atento naquele momento, sua mente ativa coletando todas as informações disponiveis, na esperança de entender com o que estavam lidando ali.

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    Mensagem  Jasor Messast Sex Jul 22, 2016 6:49 pm

    Escondido, testemunhava quando a espada realmente cortava aqueles laços que estavam prendendo-a e fazendo-a sofrer tanto. Era como se tivesse quebrado as correntes que faziam cabo de guerra com a alma de Artemia. Aquela espada definitivamente tinha algo sinistro nela, algo magico ou o que quer que fosse, não era normal. Assustou-se quando ela caiu de repente, mas se aliviou quando ela se levantou, ainda fraca, e olhava pra todo mundo. Inclusive para o barman.

    Ela parecia achar...graça da situação ? Ele estava completamente constrangido ali, primeiro nu, agora enrolado em um pano velho, escondido em um canto. Não fazia parte da familia de felpudos, não fazia parte da familia de pai-metal e filha-do-alem, não fazia parte dos fantasmas-cavaleiros-amigos, não fazia parte de um par romantico, e definitivamente não fazia parte dos amantes de bestas gigantes carnivoras. Estava sobrando ali. Quando Axle falou com ele, xingou o reploid mentalmente. Não tava vendo o dragão ali fora ?! Agia como se não houvesse perigo algum ! Malucos, todos ! Mas ela ainda estava ali no chão, debilitada. Jasor levantou-se e olhou para o dragão, um expressão de total desconfiança, medo e odio exalavam dele. Mas decidiu se levantar, depois de se lembrar de um fato curioso. Ele definitivamente não se queimava no fogo. Artemia o tinha empurrado na fogueira, fogo comum, e não tinha acontecido nada. O dragão não podia queima-lo ! Enrolou o pano velho no corpo, fazendo um tipo de toga desengonçada, e saiu detrás do sofa. Ja começava a sentir algum frio novamente, por isso tinha que se cobrir com algo mais, logo. Mas no momento ainda podia suportar.

    Caminhando pela sala como um mendigo, tentando evitar de pisar nas longas asas da ruiva, Jasor ajoelhou-se ao lado dela, tocando em suas costas para apoia-la caso necessario. Para ela, o que o olhar do loiro transmitia era o sentimento que escondia detras da muralha de medo e magoa. Não fazia muito tempo que os dois estavam agarrados naquele sofa, ele testemunhara com os proprios olhos. Não tinha lugar ali.

    - Você está bem ? Parece que esta bastante requisitada, Deus e o capeta querem você...hah....

    A chama brilhante de sua personalidade parecia apagada, brasas soterras por cinzas

    - O que foi que aconteceu ? Qual o lance dessas asas ? Seus chifres sumiram, olha.....Quer um pouco de agua ? ...comida ?

    Tinha visto o fantasma do pai-raposa aparecer para seus filhos em uma aparição de terror, falando de segredos bem guardados. Uma enrascada das grandes pelo que parecia. Mas enquanto não chegasse perto não se importava, podia falar o quanto quissesse para os outros.
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    Mensagem  Tetsuya Kitsune Seg Jul 25, 2016 9:53 pm

    O raposo pai apenas cerrava os olhos, dolorosamente. O queixo estremeceu um pouco conforme engolia o choro, fazia um esforço monumental para não ceder àquele desejo.

    -Voltar? Yumi, eu não tenho sequer o direito de ser chamado de pai, quanto mais de voltar a uma forma física...

    Estendeu o olhar a Venkar, de forma terna. O olhar do raposo, apesar de sereno, parecia quase ser capaz de atravessar o dragão, como se analizasse cada parte de seu ser, quase como se pudesse ver claramente o elo entre ele e Yumi, em seus vários níveis. Uma sensação um pouco desconfortante talvez, para o dragão.

    -Então ele se chama Venkar...eu o conheci, de certa forma, embora ele provavelmente não se deu conta de minha presença, anos atrás. Que ironia do destino, trazer aqui tantas “vítimas” de meus erros...erros dos quais apenas pude notar agora, quando entrei no Grimório de Gelo...o artefato que deixei como herança para Yumi, contendo tudo o que sei em magias de gelo...

    O raposo suspirou,  desfazendo o abraço aos dois filhos, erguendo-se e virando as costas.

    -Tetsuya provavelmente puxou esse aspecto de mim. Ele também se julga indigno de receber qualquer apreço ou afeto àqueles que julga ter ferido de forma tão profunda...algo facilmente mal compreendido com outros sentimentos...mas temo que a teimosia e dificuldade de se expor, e compartilhar seu sofrimento interno seja da mãe.

    E desviou o olhar a Artemia, esboçando um fraco sorriso, como se explicasse de forma vaga o comportamento do filho diante dela. Não detalhava muito, deixaria que ambos resolvessem aquilo, mas procurava ao menos tirar a certeza de desafeto entre ambos por uma dúvida quanto ao sentimento alheio. O raposo baixou a cabeça.

    -Eu sequer sei por onde começar, sr. Axle. Mas posso dizer que o livro que Yumi resgatou do inferno possui um fragmento de minha alma e, com ela, parte de minha memória. Memória que estava mais feliz em não rever, mas não podemos fugir de nosso passado, quando ele nos assombra no presente.

    E suspirou, tomando ar para o que iria dizer a seguir.

    - O ponto de partida seria foi minha curiosidade, como MH, de como UOLCity sempre foi uma espécie de epicentro de calamidades. Kitsunes são curiosos e facilmente levados aos caminhos da magia e seus estudos. Quando decidi ir ao inferno para buscar mais informações, vi o caos que vivia lá, não tão diferente ao que humanos sofriam aqui. Abuso de poder, destruição, guerras...por solidariedade, procurei melhorar o círculo infernal em que fazia minhas pesquisas.
    Conforme o tempo passou, descobri sobre as ruinas da cidade no subsolo da cidade. Como puderam ver, há um circulo de magia gigantesco, com um tipo de magia nunca vista antes. Vi runas de criaturas híbridas, que pareciam meio demônio, meio anjos...ao mesmo tempo em que fui ganhando influencia e poder no inferno, basicamente todos os overlordes infernais começaram a se voltar contra mim, em minha empreitada de extinguir a escravidão entre demônios, estimular o comércio e a democracia no círculo infernal, além de tomar o lugar de Hel como overlorde de Niflheim como conhecem os humanos, ou simplesmente 5º Circulo infernal.

    -Neste meio tempo, entre lutas para proteger os demônios que ali viviam, conheci Yuki, mãe de Yumi. E entre os conflitos, Belphegor, Overlorde do 4º circulo tomou sua vida...e fui forçado a esconder minha paternidade de Yumi para protege-la. Não buscariam-na se não soubessem que partilhava de meu sangue. Este foi meu primeiro erro...

    -A necessidade por aliados e o circulo magico me motivaram a fazer algo que ninguém havia tentado antes: estabelecer relações com o Céu. Tão logo pisei perto dos portões celestiais, fui recebido com uma força-tarefa especial, liderada por Iriel, serafim responsável por eles. Depois de quase nos matarmos, pouco a pouco consegui explicar-lhe minha situação. Ela era desconfiada como Tetsuya e não se abria muito, mas ao menos pudemos conversar. Expliquei toda a situação e, para minha sorte, ela também tinha interesse em pesquisas.

    -Levei-a ao circulo, mostrei-lhe todo o fruto de minhas pesquisas, e depois de algum tempo passamos a pesquisar juntos. Não compreendíamos nada, mas precisaríamos criar um híbrido para tentar compreender bem o que se passava...mas havia um porém: a energia demoníaca e celestial são antíteses, uma criatura dotada de ambas sofreria de forma inimaginável, caso tivesse a chance de sobreviver...
    - e desviou o olhar brevemente a Artemia, mas logo voltou à conversa.

    -Dessa forma, teríamos que buscar novas informações, novas fontes de conhecimento. E abrimos portais para mundo paralelos. Um deles se mostrou bastante promissor, e estabelecemos elos comerciais e de pesquisa. Haviam incontáveis feiticeiros que usavam a energia mística de dragões, e só então percebi o erro que cometemos...praticamente estimulamos a caça predatória a esses seres naquele plano, num lugar em que já eram caçados....quando percebi meu erro, tentei criar portais em vários lugares para garantir a fuga para o inferno ou para a Terra. Venkar foi um dos últimos que vi passar, mas logicamente eu não o conhecia, e ocultei minha presença para que não me identificassem. Depois disso, cortei qualquer relação com os magos daquele lugar. Não queria ser o responsável pela extinção dos dragões...e este foi o meu segundo erro.

    -Iriel teve mais sorte, estabelecendo relações com seres feitos de magia pura, os elementais. Neste processo, acabou estimulando a vinda de vários magos planares a UOLCity. Um dos mais promissores era Baltazar Messast....mas os detalhes do que ocorreu ainda me fogem à memória.

    -Depois de tantas pesquisas, mais erros que acertos, eu e Iriel acabamos nos aproximando, e tivemos um filho, a contragosto de vários anjos, como devem imaginar. Mas era uma gestação quase impossivel...usamos o fruto de nossas pesquisas para pelo menos permitir a vida de nosso filho. Mas a magia tão inerente aos anjos e a nós, kitsunes, fora completamente alterada em Tetsuya para que pudesse viver...não conseguiríamos suportar um aborto. Fomos forçados a convertê-lo num anti-mago à força, ainda dentro do ventre de Iriel. Quase todo o potencial mágico de meu filho é o de negar, banir e drenar magia....Ocasionalmente kitsunes podem nascer assim, mas são vistos como ovelhas negras....imagine o que é para uma raça de magos ser um anti-mago? Este foi nosso terceiro erro.

    -Tetsuya foi então criado e cresceu no céu, por eu julgar ser mais seguro que o inferno, ainda em guerra. Meus elos com Iriel, porém, fomentaram uma xenofobia extrema entre anjos....grupos radicais tentaram instilar a guerra entre céu e inferno novamente. Lembro-me de Iriel me contar sobre muito de sua pesquisa ter sido roubado por estes grupos. Ela própria desvendou que estavam criando uma arma capaz de amplificar o poder angelical, uma espécie de canhão de luz divina. E também estavam desenvolvendo armas para converter humanos, e até mesmo demônios em anjos...afinal, que melhor forma de acabar com seus inimigos que convertendo-os?Mas naquela época não demos muita atenção....era algo muito teórico, absurdo e improvável que conseguissem isso de fato. Esse foi nosso quarto erro, o que explica o que houve aqui hoje....


    O anjo apenas observava a tudo, em silencio como Tetsuya. Simplesmente franziu o cenho, acumulou saliva e cuspiu na direção do rosto de Axle. Era claro o ódio que vibrava em seus olhos.

    -Prefiro morrer a dizer-lhes qualquer coisa....

    Tetsuya, por sua vez, apenas olhava para cima, confuso, perplexo, de certa forma desamparado. Se o choque de ver sua mãe morrer novamente diante de seus olhos lhe tiraram a voz, o que dizer de tudo o que lhe era revelado naquele momento? O raposo-filho estendeu a mão à espada que Axle cravara perto de si, como que para certificar-se do que o pai lhe dizia. Uma luz pálida, fraca, parecia ser emitida do contato entre a mão e o cabo da espada; Axle provavelmente nao perceberia nada, mas quase imediatamente a aura de Tetsuya desaparecia por completo, ficando sem qualquer tipo de presença magica - exatamente como o reploid ali. Nada de mal parecia ocorrer ao mestiço, mas parecia claro que a espada tinha a mesma natureza de contra-magia que o raposo.

    Para Yumi aquilo poderia ser um choque e tanto, principalmente pelo aspecto de marginalização de kitsunes daquele tipo...mas também fazia sentido o fato do irmão ter 9 caudas e não demonstrar qualquer energia mágica compativel com elas, teoricamente comparável ao pai. Flashes de "pistas" que ela nao percebeu antes iam aparecendo na memória aos poucos encaixando como um quebra-cabeças. Como por exemplo a forma como, sem querer, ele anulara o circulo de proteção na porta da Casa sem Janelas que Iriel fizera para proteger os dois. Ou ainda, como no desespero conseguira desfazer a luz divina que inundara aquela casa instantes atrás. E se pensasse que de certa forma um portal nada mais era do que enfraquecer as barreiras entre dois planos, fazia sentido a facilidade de Tetsuya em ir para o inferno atrás de Artemia quando ela se sacrificou.
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    Mensagem  Venkar Ter Jul 26, 2016 12:10 am

    Olhou de relance para Jasor, só agora vendo que ele estava escondido atrás do sofá e agora se levantava patéticamente, com uma manta ao redor do corpo frágil. Seus olhos pareceram descobrir algo, pois olhava para o dragão sem tanto medo quanto antes. Jasor podia ser imune ás suas chamas, mas talvez não fosse tão resistente á garradas, mordidas, golpes de cauda, esmagamento, digestão. Mas Venkar não fez nada de hostil, estava do lado de fora da cabana, olhando e gostou de vê-lo ajudando Artêmia a se levantar.

    Riu baixo ao ouvir Yumi falar que comeria a alma e deixaria a carne para o dragão. Gostava quando ela abraçava a sua própria natureza e não tentava se esconder para ficar junto dos outros. Mas estreitou os olhos de leve quando o homem-metal-planta negou o pedido dela de matarem o anjo. Que informações ele poderia dar?... a recusa do mesmo mostrou a inutilidade do ato do reploid. Venkar rosnou baixo, deixando escapar fumaça escura das narinas, que brilhavam levemente em vermelho-dourado em seu interior.

    Após a apresentação do dragão por Yumi á seu "pai" fantasmagórico, o dragão iria abrir a bocarra para falar algo, quando o ser começou sua explicação. O observava atentamente, á Fuyu e logo desviou o olhar, incomodado com o olhar penetrante do fantasma sobre si. Ele conseguia ver atravéz do elo que ligava o dragão á sua filha? O que pensava a respeito da amizade entre os dois? Ouvia passivamente ele falar tristemente de suas experiências e fracassos, mas quando revelou que em sua busca por conhecimento abriu planos para outros mundos... estabelecendo aliança e comércio com os magos, responsáveis pela caçada e possivelmente morte de muitos de seus entes queridos, o dragão arregalou os olhos!! Mal podia acreditar no que estava ouvindo....! Todos que conheciam... haviam sido presos, feitos em pedaços em nome de pesquisas dos malditos humanos em suas pesquisas... Tudo. Por. Culpa. De. Fuyu. Do pai de Yumi...!! Inclusive o portal que encontrou em sua fuga desesperada havia sido obra dele??

    Fechou a mandibula, mal percebendo que ela estava aberta devido ao espanto da revelação horrenda de Fuyu. A abriu novamente, logo depois a fechou. Estava visivelmente tremendo, de ódio primal. Se ele não fosse um fantasma... e se não estivesse tão perto de sua filha, e dos outros... teria avançado para a cabana! Sua vontade era de matar... extravasar a sua raiva crescente e que logo se tornaria incontrolável! Sua grossa cauda escamosa bateu contra o solo coberto de neve, formando uma vala enorme. Abria e fechava o enorme par de asas. Tinha que sair dali... ou iria cometer uma atrocidade. Deu alguns passos para trás, olhando de um lado para outro... tanto quanto Yumi ou Axle, os dois que estavam mais próximos, podiam ver os olhos da fera que brilhavam em um vermelho vivo. Quase como se estivesse possuído.

    Começou a rosnar, baixo e elevando de intensidade a cada segundo, até escancarar a bocarra e rugir estrondosamente e finalmente se virou e com um forte impulso das pernas traseiras e das asas, ganhou o céu noturno.

    - ...rrrrrRRRrrrrrrrRRR...RRRRRROOOOOOOOOOOOOOOOOOOAAAAAAAAARRRRRRR !!!!!!!!!!



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    Mensagem  Yumi Hayashi Ter Jul 26, 2016 12:51 am

    *Ouvia atentamente tudo o que seu pai dizia, cada palavra e virgula. Mesmo diante daquilo, a admiração que ela tinha por ele não diminuia. Ele havia errado, havia escondido ela e privado-a de sua familia verdadeira, mas ele havia tentado fazer a diferença. Quando ele citou que o grimorio era uma herança para ela, suas caudas mexiam freneticamentes, animadas. Ele pensava nela e aquele velho dragão estava certo, ele tentava ensinar magia para ela, desde de pequena...da forma como ele conseguia.*

    *Mas suas caudas pararam de mexer tão logo ouviu ele dizer que seu irmão era um anti-mago....coitado...foi tudo o que conseguiu pensar no momento. Viveu sendo perseguido por anjos e seria por demonios, era como se em nenhum lugar ele se encaixasse. Mas Yumi não era tão normal, tendo amizade com o unico ser que poderia, de fato, mata-la.*

    - Claro que tem o direito de ser chamado de pai...e eu não vou desistir até achar uma maneira de dar-lhe um corpo novamente.

    *Falou abraçando o grimorio contra o corpo.*


    - E...eu e o Tets, podemos virar um dupla de irmãos imbativeis *sorriu, tentando quebrar o clima*...nossas habilidades são opostas, mas somos bons no que conseguimos fazer, e podemos tentar sincronizar isso!

    *Mas não houve sorriso que conseguisse quebrar o clima de quando seu pai falou de suas pesquisas, envolvendo os dragões, "nossa.." pensou e olhou de relance para Venkar. Ele estava exatamente como ela imaginava. Furioso. Viu todo o odio transparecer em seu olhar e em seu grito quando ganhou os céus. Venkar precisava dela, e ela precisava ir. Olhou para o pai e o irmão e baixou a cabeça.*

    - Me desculpem....eu preciso ir, Venkar está precisando de mim. Não se sinta culpado, pai...espero poder vê-lo novamente, e aos meus outros pais também.

    *baixou os olhos para o seu colo e colocou o grimorio nos braços do seu irmão.*

    - Por favor, cuide dele por mim. Fique a vontade para ir à nossa casa.

    *Olhou em volta para os outros*

    - Todos vocês...só...só não cheguem perto do tesouro do Venkar e vai ficar tudo bem.

    * Tirou a cabeça de Tets do seu colo devagar e apoiou no chão. De suas costas foram criadas asas cristalinas. Fuyu poderia ver de perto um pouco do que sua filha andou praticando nos ultimos anos. Metamorfose sempre foi algo que fascinava a kitsune. Alçou vôo em linha reta, de forma brusca para ganhar velocidade. Quando estava tão alto que mal podia ser vista, as asas se desfizeram e ela começou a cair de cabeça na direção da cabana, mas o que estava acontecendo de fato, era que estava sofrendo outro processo de matamorfose em pleno ar. Estava se transformando em dragonesa. Uma perfeita dragonesa, com a energia de Venkar passando pelo seu corpo, as imperfeições da ultima tentativa haviam sido desfeitas. Era menor do que Venkar e passou poucos metros acima da cabana de Artemia. Deu uma ultima olhada em todos e vôou, rapidamente na direção do seu amigo.*
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    Mensagem  Artemia Ter Jul 26, 2016 8:44 pm

    Jasor parecia ter notado algo em Venkar, algo que retirava sua ideia de ameaça extrema inicial. Ele caminhou com mais confiança à frente do enorme dragão, praticamente o desafiando. Será que havia finalmente percebido que Venkar salvou sua vida, e não o contrário? Mas, no olhar do loiro, Artemia viu algo ainda mais profundo: uma dor imensa, uma mágoa sem fim naquelas íris escuras do rapaz. Com um aperto no peito, ela sabia exatamente o que era. Ele ainda a detestava, a via apenas como um monstro transformado. E, adivinhe só! Ela aparentemente havia feito outra transformação, bem na frente dele.

    Com um suspiro, Artemia se lamuriou internamente. Os dois homens os quais ela havia se envolvido de forma íntima, de diferentes formas, a detestavam. Que bela Succubus era, incapaz de ter amores recíprocos!

    - Jasor... – suspirou. – Eu não sei o que houve... fui atingida por uma flecha do anjo... e parece que algo entrou em mim e me deixou mal... estou sentindo... muita dor... muita...

    Artemia abaixou a cabeça ao pensar nos fatos que ocorreram. Virou sua cabeça e arregalou os olhos com a visão de uma imensa asa de plumas brancas. Assustada, procurou a outra e surpreendeu-se em ver uma asa demoníaca, um pouco diferente da que costumava ser antes. Tocou novamente o topo de sua cabeça e sentiu a falta do par de chifres. Procurou sua cauda e não a viu mais, nem sequer estava escondida embaixo das asas.

    O que aconteceu?! Nem ela própria sabia. A dor em seu corpo a impedia de pensar com clareza, de questionar o ocorrido e procurar uma solução. Apenas olhou para Jasor com o olhar mais incrédulo e surpreso que sua face poderia expressar.

    Jasor se ajoelhou ao seu lado e parecia estar preocupado, apesar de manter o olhar magoado e de profunda ferida. Novas lágrimas escorreram pelos olhos de Artemia, dessa vez por outros motivos. Jasor notaria em seu olhar algo diferente: apesar de a ruiva ter sido sempre a mesma, mesmo após sua grande transformação em demonesa, havia algo a mais; uma bondade e pureza que já existia na ruiva, mas que agora parecia ter sido amplificada com a nova transformação em um ser metade angelical.

    Artemia era o exemplo perfeito dos dois extremos impostos a ela. Existia a ardência do desejo infernal em suas veias de Succubus, bem como a compaixão e sensibilidade de alguém pertencente aos céus. Porém, o preço a se pagar era grande: a dor em seus músculos era sentida em ondas, ora extrema, ora quase suportável. E a ruiva já começava a compreender que esse quadro não mudaria tão cedo.

    - Eu não sei o que pode me ajudar. Eu nem sequer sei o que tenho. Jasor... o que vou fazer?

    A ruiva aproveitou a aproximação do rapaz e o abraçou calorosamente. Lágrimas escorriam de sua face e umedeciam a coberta a qual o loiro estava envolvido. Artemia afundou sua cabeça no ombro dele e deixou-se levar por um instante em uma das dores mais urgentes em seu coração, soluçando baixinho enquanto o apertava no abraço.

    Jasor poderia sentir os opostos em um único abraço. Havia um calor imenso, uma sensualidade com um misto de inocência e pureza enquanto a ruiva soluçava em seus lamúrios.

    A ruiva interrompeu seu choro para erguer lentamente sua cabeça, observando o tórax nu de Jasor. Algo dentro dela remexeu, um desejo praticamente adormecido, confundido em meio à tantas dores. Ela se afastou e secou as lágrimas de sua face; suas bochechas estavam enrubescidas e seu olhar puro, e ao mesmo tempo sensual, acusavam facilmente o que se passava pela cabeça da ruiva. Como que para impedi-la de cometer um erro, o qual destruiria qualquer tipo de melhora entre ela e Jasor, Artemia ergueu uma mão e estalou os dedos, imaginando o rapaz exatamente como o havia visto pela primeira vez, naquela boate escura e cheia de perigos.

    No mesmo instante, apareceriam roupas no corpo do rapaz, sendo lentamente construídas, pano por pano. No final, as roupas se revelaram sendo as mesmas, idênticas, que ele vestia antes, bem como sua boa jaqueta de couro.

    Artemia sorriu, ainda secando uma lágrima de seus olhos brilhantes.

    - Pelo menos um pouco de você ainda tá aí, para que eu me lembre...

    Logo, seus olhos se desviaram para o restante do cômodo. Sabia que poderia contar com todos ali naquela sala para ajudar a aliviar sua dor. Observou Axle caminhar de forma decidia, pisando no anjo caído e demonstrando seu interesse em obter informações. Ouviu, de relance, a triste história de Fuyu; sua jornada em trazer a paz no inferno trouxe consequência irreversíveis, tanto para sua família, quanto para o resto da população de ambos os planos. Não sabia, até então, os pormenores acerca dos dragões e da fuga de Venkar. Ao ouvir, seus olhos imediatamente buscaram o grande dragão, que estava em um nível crítico de raiva: a fumaça saída de suas narinas, bem como os olhos vermelhos e a rapidez em sair dali denunciaram seu real estado de espírito. Não muito tempo depois, Yumi se levantou de onde estava e se despediu de todos. A ruiva jamais havia visto a kitsune voar daquela forma, e observou boquiaberta a magia que ela havia feito para alcançar altitude e sumir ao longe.

    A sala ficou quieta novamente, por um momento. Tetsuya agora se encontrava sozinho, ainda deitado ao chão, se recuperando. Artemia se lembrava do que ele havia feito para salva-la, e sabia que poderia tentar ajuda-lo, mas ela própria não conseguia se mover sem causar uma forte dor em seu corpo. Sendo assim, apenas observou o que Axle conseguiria com o anjo, e se algo que tivesse acontecido com ela poderia ser explicado ou solucionado.

    - Fuyu... me ajude... não sei até quando posso suportar essa dor...

    Sussurrou ela, sabendo que o espectro a ouviria com facilidade. Parecia quase uma oração em meio ao seu suspiro abafado. Artemia levou uma mão à cabeça, tampando seus olhos, abaixando a face e permitindo com que suas madeixas ruivas caíssem à sua frente. Não se importava com sua aparência. Nunca se importou; apenas gostaria que aquela dor acabasse.
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    Mensagem  Axle The Red Sex Jul 29, 2016 5:22 pm

    Axle curvava-se sobre o anjo debilitado, depositando o peso maciço de seu corpo sob o braço do inimigo, enquanto ouvia sobre tudo o que Fuyu revelava sobre o passado distante. Tinha sido o primeiro a descobrir o circulo misterioso e tentado desfaze-lo. Não conhecia o inferno, mas pela logica subverter a "ordem" existente desde um tempo desconhecido certamente geraria revolta, de tal maneira que os lordes infernais interferiram. Talvez tivesse sido melhor pesquisar primeiro sobre o circulo antes de iniciar sua marcha de conquista. Mesmo que por um bom motivo, claramente as duas coisas não poderia acontecer juntas. E acabou que causou sofrimento ate aos seus filhos...

    Um acordo com os anjos era algo que imaginava ser arriscado, sendo raças que se odeiam culturalmente. Poderia ter dado certo, se o inferno tambem não estivesse atráz do raposo. Mas chegaram perto de uma parte do misterio. Quando falou sobre um anjo-demonio ser auto-destrutivo, o olhar para Artemia chegava na velocidade da conclusão obvia: ela estava passando por aquilo. A ruiva parecia sofrer constantemente mesmo quando não tinha nenhum ferimento visivel. E ai Fuyu falou sobre ter conseguido salvar um desses "meio-anjemons", seu proprio filho. Então ele sabia qual procedimento realizar para ajudar Artemia tambem. Muitas outras coisas eram incrivelmente interessantes, mas havia algo mais urgente naquele momento.

    Antes de fazer qualquer coisa, sentiu no solo e ouviu a pancada da enorme cauda no solo. E sabia que isso tinha a ver com a revelação de Fuyu, e que o dragão tinha um auto-controle minimo. Imaginava ele entraria em um estado de furia novamente, revelado pelo brilho de seus olhos, e Axle não sabia se poderiam acalma-lo novamente antes que ele precisasse machuca-lo. Mas o dragão simplesmente bateu asas e voou para longe. Provavelmente descontaria sua raiva em alguma coisa. Talvez Axle era um dos unicos que entenderia profundamente o quanto Venkar teve que se controlar para não destruir tudo ali. Ele realmente se importava com as companias, aqueles que tinha estabelecido algum laço de amizade.

    Logo Yumi corria atras de seu amigo, uma aliança muito improvavel. Agora que essa ameaça tinha sido descartava, podia voltar a outro problema.

    - Fuyu ! Não sei o que você fez para salvar o Tetsuya, mas você precisa fazer denovo para salvar a Artemia ! Um desses anjos jogou algo no ombro dela, e isso deve ter iniciado essa transformação. Ela esta se destruindo nesse conflito interno agora !

    Apontou para a garota em urgencia para chamar a atenção do raposo. Sentiu então algo umido no rosto. Ao tocar, constatou que era saliva. O anjo tinha cuspido em seu rosto. Isso era algum tipo de ofensa ? Axle não se sentia nenhum tipo de raiva ou desonra com aquilo. Não era nada para ele, na verdade. Ainda com o pé sobre o braço do anjo, aproximou o indicador de seu ombro ate tocar na placa protetora, e lentamente foi adicionando mais e mais força.

    - O meu dedo vai perfurar a sua carne, e depois a sua asa. Eu não tenho nenhuma pressa, isso pode demorar bastante tempo. Você não vai morrer, não vai ter uma saida facil igual seu amigo. Você o ouviu gritar imolado pelas chamas infernais ? Parece que vai ser a sua vez

    Dizia se referindo ao poder que Jasor tinha exibido. Sua voz era fria, inexpressiva, tanto quanto sua raça podia dar a entender. Mas não era por não ter sentimentos, era pelo desdem que nutria pelo anjo, que nada de angelical tinha. Não sentia prazer em causar aquela dor, mas não iria parar se fosse para proteger aqueles que conhecia



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    Mensagem  Jasor Messast Sex Jul 29, 2016 8:40 pm

    Olhava nos olhos de esmeraldo enquanto ela falava, por um momento hipnotizado, por um momento esquecendo de tudo o que tinha acontecido. Quando ela explicou o ataque que tinha sofrido, desviou sua atenção para o ombro, e tocou na região, na pele alva e macia, buscando um inchaço ou algum pedaço da flecha que tinha ficado ali. O contato da pele com a pele, era um momento estranhamente constrangido e proximo. Se afastou um pouco quando ela olhou as asas. Parecia que ela não sabia que estavam la ! O que fazer, ela perguntava. O que ele podia responder, sabia de muito menos sobre o que estava acontecendo !

    Perplexo, recebeu o abraço dela. Não esperava que aquilo acontecesse nunca mais. Inicialmente estava paralisado, tentando entender o que acontecia, os braços semi-rigidos e as costas apenas segurando o peso do corpo dela. Mas logo a abraçou de volta como antes, sentindo seu ombro ficar molhado com as lagrimas. Ela parecia doce...e...quente...por algum motivo, não sabia explicar o porque. E quando ela o olhou, aquela impressão se confirmou mais uma vez. Sabia o que aquele olhar queria dizer, mas não conseguia acreditar, devia estar enganado. Ela amava Tetsuya, que estava logo ali. Ela não poderia....poderia ?

    Com um estalar de dedos lançou um feitiço. Jasor não sabia o que era aquilo, e por isso quase entrou em panico quando pedaços de tecido se desdobravam em seu corpo. Quando terminou ele sentiu a textura familiar do couro. Não era possivel ! Bateu nos peitos, revisando os bolsos e as mangas. Era sua jaqueta, mas como ?!  

    - Se lembrar... ? Do que ?

    Pelo que conseguia ouvir da conversa distante, o fantasma era o pai dos dois meio-raposas, que tava possuindo um livro, que tinha invocado a espada, que tava pesquisando sobre uma magia sinistra. Pelo que contava, estava tentando fazer do inferno um lugar decente. Era tão ironico que chegava a ser comico. Não sabia porque tinha a ver com misturas de anjos e demos, mas parece que tinha dado bem certo a "mistura" que ele tinha feito com a tal Iriel. Parecia um plano de sedução digno de um don Ruan. "Precisamos de um hibrido agora ! E so tem um jeito de dar certo...vamos ali no cantinho...". Talvez não fosse um demonio raposa, mas sim um demonio coelho...quantos filhos poderia ter espalhado por ai...

    E ai espalhou todo tipo de problema por ai. Ele que era o motivo de magos terem ido para a terra de Venkar e caçado os dragões. Não era um resultado tão ruim quando o fantasma dava a entender. Dragões so sabiam destruir, queimar e torturar qualquer coisa menor que eles, e roubar tesouros. Pra que ? Esse bichos não gastam dinheiro com nada, isso é coisa de gente ! Devia ser o espirito maldito deles que se alegrava com tudo que é ruim. Devia considerar Yumi e Artemia como tesouros, por isso tinha todo aquele cuidado. Mas Jasor não era um tesouro de ninguem, um objeto para ser escondido, usado e estocado. Por isso que o dragão queria mata-lo sempre que o via. O barman arregalou os olhos quando ouviu a pancada no chão e Venkar ciscando de um lado para o outro. Era agora que ia atacar para se livrar de tudo que não era tesouro ? Moveu-se para frente de Artemia, para protege-la. Um animal raivoso não distinguiria entre um e outro, apenas acabaria com tudo. Aliviou-se quando viu o dragão ir embora, sem entender o porque. Yumi logo foi atrás dele, deixando sua familia para trás. O monstro era mais importante para ela.

    E para ele era Artemia. Não sabia o que fazer para ajuda-la. Sua suplica para o fantasma era de cortar o coração.

    - F...Fuyu ! Ajude-a com seus poderes...de fantasma !

    Gritou. Não era a suplica mais eloquente do mês, decididamente ele ouviria o apelo.
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    Mensagem  Tetsuya Kitsune Sáb Jul 30, 2016 1:49 pm

    Fuyu abriu a boca espectral para tentar dizer algo a Venkar antes que saísse, mas não conseguia achar as palavras. Adiantaria explicar que ele nao sabia o que estava sendo feito aos dragoes daquele plano? Ou que ao notar o que houve, tentou resgatar todos os que podia, inclusive o proprio Venkar? Ou ainda que ofereceu asilo e proteção à varios deles, mas que estes foram escravizados por Belphegor quando seu plano fora invadido pelo outro overlorde?

    Não haviam desculpas ou perdões. Não possuia um corpo fisico, mas as consequencias de suas ações que agora vinham à luz pesavam-lhe, doíam lhe inteiramente na alma.

    -Só você poderá acalmar-lhe a furia...vá, minha filha. E novamente, perdoe-me por seus erros...eu prometo que continuarei tentando repará-los...eu e seus pais aguardaremos aqui até que você volte, então vá em paz...

    O raposo-pai disse, com um fraco sorriso. Era claro o constrangimento e desgosto consigo proprio. E se virou à Artemia, levando a mão à testa, os cabelos desesperados entre os dedos angustiados. As orelhas pontudas se mexeram; havia sim ouvido com clareza, o que lhe fez desestabilizar ainda mais.

    -Artemia, se soubesse como te ajudar, eu já teria feito assim que pudesse...mas minha memória, eu...não consigo me lembrar do processo. Nao sei nem se é possível fazer o mesmo com você; Tetsuya era um feto ainda em formação no ventre de Iriel, não estava completamente formado quando fizemos aquilo...amaldiçoo minha alma despedaçada por não ter comigo o fragmento com o conhecimento para fazer isso...

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Tetsuya permaneceu ali ajoelhado diante da espada, as mãos apoiadas no cabo, a testa apoiada nas mãos cruzadas adiante. Via e revia a cena de sua mãe sendo morta à sua frente novamente. Relembrava flashes do passado com aqueles anjos que pereceram ali mesmo, e ouvia basicamente que havia sido gerado como uma espécie de abominação, algo anti-natural, algo proibido. A dor de Artemia era um sinal claro de que isso não era algo que deveria existir. A energia cedida por Yumi, de origem em Venkar, talvez tivesse carregado algum resquício de sua raiva para o raposo, que finalmente parecia se recuperar de seu estupor. “Mas que #&$*@ estou fazendo, afinal? Nada! Desde quando preciso ser vitima de algo? Nada me derrubou antes, não vai ser um problema a mais ou a menos que vai me jogar para baixo!”.

    E virou-se para olhar na direção de Artemia. Por dentro, sentia que seu corpo enrijeceu, retorceu e estremeceu; a dor da garota somada a uma espécie de ciúme – por mais impropria que fosse a hora, vê-la daquele jeito nos braços de Jasor nu, enquanto reconstituía suas roupas, reacendia aquela chama de rivalidade e ranzizez de antes – fizeram com que ele se recompusesse, levantando-se do chão. Puxou a nodachi para cima, erguendo a ponta para o alto, enquanto observava-a semicerrando os olhos. Se através do controle que desenvolvera ao longo de anos de treinamento conseguira burlar a própria anti-magia de si para fazer pequenos efeitos de gelo, com certeza conseguira compreender como funcionava a dualidade anjo-demonio de si próprio a certo ponto. Não poderia ser muito difícil com Artemia, certo? De qualquer forma não podia perder tempo. Não ficaria mais em silencio, revolvendo-se em auto-piedade. Ainda que Artemia o odiasse, bastava reconquistá-la! Ainda que os antigos anjos voltassem, bastava vencê-los!

    -Seu barman pervertido...é bom que não esteja aproveitando da situação para ficar abrançando Artemia!

    E subitamente saltou na direção de ambos, empunhando a espada para frente. Pela curta distancia, habilidade prévia e o tamanho da lamina o golpe não duraria mais de 1 segundo. A espada deslizaria alguns centímetros do rosto de Jasor, como se de propósito procurasse irritá-lo/ ameaça-lo devido ao ciúme, mas a espada continuou, e continuou...e sua ponta tocou no ombro de Artemia, onde a flecha havia penetrado.

    A laminha tinha um fino e afiadíssimo fio, de forma que praticamente não se sentiria dor ao penetrar ali; não cortava, apenas...afastava a carne. Uma luz pálida percorreu a espada, entrando pelo ombro da ruiva. Como uma espécie de anestésico, a dor ali ia se dissipando, gradualmente se espalhando pelo corpo. Ocasionalmente sentiria um espasmo de dor mais intenso aqui ou ali, mas era notável que na primeira vez Tetsuya já conseguia apaziguar aquele conflito de energias opostas. Mas afinal, não era o que fazia desde que nascera?

    O alivio duraria algum tempo, mas voltaria no futuro. Tratara o sintoma, não a doença. Tetsuya não fazia a mínima ideia do que acontecera no corpo de Artemia, que apesar de mais parecido ao seu, era também de forma completamente diferente. Apenas estabilizava o conflito, que continuaria ocorrendo dentro da garota.

    Recuou com a espada, guardando-a na bainha negra com detalhes dourados, deixando-a em punho como uma espécie de bengala. Olhando para Artemia, apenas engoliu em seco, visivelmente irritado, enciumado talvez?

    -E você, desde quando se deixa abater por “pequenas coisinhas” assim? Ou só queria que o barman idiota ficasse te abraçando? Humpf...

    Virou-se a Axle, no mesmo tom resmungão. Era quase como se Tetsuya voltasse ao “velho eu”. Era uma personalidade difícil de lidar, mas parecia ter melhorado de forma brusca, finalmente chegando ao fim de seus conflitos internos por conta própria. A forma debochada e provocativa como falava provavelmente era apenas uma forma de erguer barreiras ao seu redor, demonstrar força, procurando esconder as fraquezas que lhe aflingiam até então.

    -Continue interrogando ele, “robô”. Mire na parte onde as asas encaixam nas costas, é onde mais dói. Eu....vou tomar um pouco de ar lá fora.

    Era um pouco irônico; afinal a casa estava toda esburacada, demolida; o ar de fora era praticamente o mesmo dali de dentro. Ainda assim passou pela porta aberta, onde Venkar metera a cabeça, e sentou-se encostado à parede logo ao lado da porta, suspirando, fechando os olhos, deixando tombar a espada sobre a testa, entre as pernas. As 9 caudas caíam pelos lados fazendo uma espécie de alcochoamento para as costas. Estava pensativo, sobre várias coisas. O rosto corou levemente, ao pensar bem no que Artemia havia se transformado. Talvez fosse a coisa mais proxima que veria de alguém como ele, uma hibrida. E por mais que seu corpo mudasse, mesmo aquela nova asa branca parecia lhe atrair...não era necessariamente a aparencia que lhe atraía, era de fato a alma e essencia da ruiva que, apesar de tudo, permanecia a mesma. Mas verbalizar aquilo era algo constrangedor demais para se falar. Deu um pequeno soco na propria testa, dizendo a si mesmo.

    -Seu....idiota....

    -----------------------------------------------------------------------------------------------------------

    O anjo fechava a mandibula com força, procurando nao demonstrar a dor que sentia. O estremecer dos musculos dizia o contrário, logicamente. Fitava Axle nos olhos, uma expressão de profundo ódio, orgulho, prepotencia.

    -É inútil....jamais direi nada. Pensa que pode me ameaçar? Você sequer é um ser vivo. Sequer tem alma! Você é uma geladeira que fala, nada mais que isso! Você....!!!

    Um estalo, e o acromio se trincava diante da pressão de Axle sobre seu ombro, que agora exibia um afundamento completamente fora da anatomia normal. A dor lancinante fizera-o calar as ofensas, deixando-o nauseado e desnorteado pela dor. Mas insistia em sua "bravura".
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    Mensagem  Artemia Qua Ago 03, 2016 1:21 pm

    - Não... Fuyu... Não pode ser...

    Artemia teve suas esperanças despedaçadas com a resposta de Fuyu. A dor em seu corpo até mesmo pareceu aumentar consideravelmente, fazendo-a curvar-se para a frente, apoiando suas mãos na cabeça, absorvendo lentamente a dor excruciante em seus músculos. Mesmo com Jasor à sua frente, bradando em um desespero espelhado ao seu, a ruiva sentiu que ninguém poderia ajuda-la. Se Fuyu não possuía a resposta, certamente ninguém mais a teria.

    Porém, uma voz conhecida surgiu repentinamente próxima a si: Artemia ergueu a cabeça e seus olhos esmeralda se encontraram com o azul-gelo e dourado de Tetsuya. Seu coração bateu forte no peito quando reparou aquele mesmo olhar de antes do raposo, repleto de destemor e ciúmes, envolto em uma camada rabugenta única dele.

    A ruiva não contava com o fervor de sentimentos que borbulharam dentro de si; o orgulho em vê-lo novamente de pé e agindo como antes. A voracidade na forma como ele a olhava a transportara diretamente para os momentos em que ainda estavam se conhecendo, naquela boate escura e repleta de despudor, onde os três – ela, Jasor e Tetsuya – ainda não haviam passado por tanta coisa, em tão pouco tempo...

    Um sorriso atraente escapou nos lábios de Artemia.

    - Finalmente resolveu parar de drama e se levantar, hein? E eu abraço quem eu bem entender! – resmungou ela, ainda com os olhos fixos no dele. A forma petulante e repleta de fogo como ela havia dito também era característica de uma época não tão distante dali.

    Porém, antes que pudesse falar mais alguma coisa, Tetsuya, com um salto, cravou a lâmina da espada entre ela e Jasor, praticamente o cortando se não fosse por um milímetro de distância. A ruiva arregalou os olhos – não esperava aquilo dele! E, antes de protestar contra o ato violento, ela viu aonde a lâmina estava mirando. Com uma delicada pressão, a ponta da espada encostou em sua ferida no ombro e enviou para dentro de si uma espécie de analgésico.

    Um alívio imediato surgiu inteiramente no corpo de Artemia. A atenuação das dores se deu em seus músculos e juntas, bem como no peso em sua cabeça. Era como se ela flutuasse enquanto o analgésico fluía. Como era estranho poder sentir-se bem novamente! Certamente, ela jamais havia dado valor aos momentos em que estivera bem. É apenas na dor que valorizamos sua ausência.

    Ela fechou os olhos e deixou-se absorver pelo alívio. Com um suspiro audível e um sorriso fácil, Artemia encarou novamente Tetsuya, dessa vez com os olhos lacrimejados e uma expressão de claro agradecimento.

    - S-seu idiota... quantas vezes preciso dizer que eu abraço quem eu bem entender? – e fechou os olhos novamente, balançando a cabeça, rindo. Estava mais do que óbvio que suas palavras de descontração eram apenas para irrita-lo. Havia mais em seu tom embargado e na forma como dizia, mas ela não daria o braço a torcer assim, tão facilmente.

    E o assistiu sair da sala, caminhando para fora da casa.

    A ruiva sorriu despreocupada para Jasor, pousando uma mão em seu rosto, acariciando gentilmente seu maxilar firme. Seu olhar terno e caloroso fazia como se existisse apenas os dois ali. Havia um calor naquele gesto, calor este que poderia ser sentido pelo loiro. O que deixava a situação entre eles ainda mais confusa. Afinal, a quem o coração de Artemia realmente pertencia?

    Finalmente estava se sentindo bem. E aproveitaria aquele momento, ainda que durasse apenas alguns minutos. Seu coração foi preenchido de esperanças, e bastou isso para se dar conta do que precisava fazer.

    Seus olhos desviaram imediatamente para o anjo caído. Aquele ser desprezível que, além de tornar a infância de Tetsuya um verdadeiro inferno, a transformara em algum tipo de híbrido, cuja dor a atormentaria por muito tempo, caso ele não abrisse a boca. Jasor notaria a mudança no olhar da ruiva, substituindo sua benevolência para um ardor intenso que poderia ser visto fisicamente como chamas esmeralda chamuscando em suas íris.

    - Axle, me dê licença... – disse ela, a raiva notória em seu timbre.

    Artemia se ergueu sem dificuldades. As longas asas se arrastaram ao chão. Ela apoiou uma mão no ombro de Jasor, como se o assegurasse do que faria a seguir, e caminhou rapidamente até o anjo, ajoelhando-se em frente a ele. Com uma brutalidade até então desconhecida na delicada ruiva, ela o puxou com violência pela gola da roupa até seu rosto ficar a um centímetro de distância do dele, o obrigando a encara-la no fundo dos olhos.

    O olhar feroz em chamas de Artemia assustaria qualquer ser vindo dos céus, até mesmo aqueles mais bravios. Movida pela fúria do momento, a recém-híbrida invocou suas chamas esmeraldas surgidas do chão, ardendo e queimando em um círculo em volta deles, ultrapassando a altura de seus ombros. Com suas grandes asas, Artemia fechou o círculo de fogo para que apenas envolvesse ela própria e o anjo, deixando o calor ainda mais intenso, impedindo que as chamas se alastrassem para o resto da casa. Caso Axle não retirasse seu pé da asa do anjo, certamente se queimaria e sofreria consequências graves. Em meio às chamas, era possível visualizar almas perdidas, sombras há muito esquecidas, gritando em desespero, esticando suas mãos e puxando o anjo; enquanto Artemia não o soltasse, ele não sucumbiria às chamas e às mãos agressivas das sombras.

    Com a ira do momento, Artemia ignorou completamente as dores crescentes em seu corpo, fruto do uso da magia demoníaca, que tanto contrastava com a angelical dentro de si. Graças à Tetsuya, ela conseguiria manter por um tempo considerável a tortura ao anjo, ainda que isso significasse sérias consequências a ela própria depois.

    - Não... você não merece sofrer apenas dor física. Sofrerá lentamente a perda de sua alma. Sucumbirá aos infernos e será torturado pelos seres que te puxam agora. Se eu te soltar, você sofrerá durante toda a eternidade, sozinho, perdido e sem ter ajuda de ninguém. Será feito de escravo e não terá nem um momento de descanso. Será estuprado diariamente por diferentes seres, estes que você tanto desprezou... será torturado, espancado, humilhado; terá seu corpo quebrado em diferentes partes para que, então, passe a eternidade se arrastando, servindo como os demônios bem entenderem; até que se cansem de ter um peso morto e te joguem em uma vala repleta de vermes como você, onde viverá eternamente em sua própria dor, afogado em seu próprio vômito e loucura... e tudo isso passará lentamente... lentamente...

    Artemia não parecia ser ela mesma, naquele instante. Não havia a doce e sensível ruiva, e sim sua forma mais demoníaca e pavorosa. Suas palavras eram ditas em sussurros frios que atingiam a alma, podendo provocar desespero até mesmo nos que estavam do lado de fora do círculo. Após uma pausa, ela continuou:

    - Tudo isso pode ser evitado. Vale mesmo a pena você passar a eternidade agonizando, servindo como escravo, tendo sua dignidade, seus valores, sua própria alma extintas... para quê? Proteger a sua corja de anjos que nem sequer voltou aqui para te salvar? Você não significa nada para mim. Para nenhum de nós aqui. A escolha é inteiramente sua. Se nos contar os planos os quais o trouxe aqui, seremos misericordiosos e você terá a morte rápida que tanto almeja. Se escolher a tortura, a humilhação e a dor eterna, o problema é inteiramente seu... e ninguém poderá te salvar.

    Como se para acelerar a escolha, Artemia, ainda o segurando com firmeza, empurrou ligeiramente o corpo dele para as sombras esticarem suas mãos e o puxarem ainda mais, para aumentar seu pavor.
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    Mensagem  Axle The Red Sáb Ago 06, 2016 9:25 pm

    O dedo penetrou na carne da pior maneira possivel. Não como uma lamina afiada, mas como um bastão sem ponta. Não havia sutileza, as fibras eram separadas da maneira mais desesperadora, e o osso cedendo não a uma pancada violenta, mas a uma pressão lenta e constante.

    -Não me espantaria em descobrir que você não tem alma tambem. Não há empatia, consideração, compaixão. Não deve ser um anjo. Será um demonio, ou talvez um criado-mudo ?

    Não se sentia ofendido pelas palavras do anjo. Quantas vezes ja tinha ouvido aquilo ? Não fazia questão de contar. Sempre havia alguem que despreza a raça dos reploids, apenas por não serem organicos. Era triste ouvir isso de alguem que deveria possuir um sentido mais amplo de vida, como um anjo. Não sabia se tinha alma realmente, mas sabia que estava vivo, que sentia e pensava. Que sofria e que evoluia. Que mudava, para o bem e para o mal.

    A revelação de Fuyu era cruel. Era ele que no passado havia tentado criar um hibrido de anjos e demonios, seguindo a sugestão dos desenhos proximos dos misterioso circulo de magia titanico da cidade. O unico que tinha experiencia real naquela situação, que podia fazer algo...e não se lembrava. Mais uma vez Artemia tinha entrado em uma situação de alto risco que não se resolveria de maneira simples. Na verdade, não tinha opção. Exceto o anjo em suas mãos, ele sabia de alguma coisa. Quando a furia começou a revolver em seu interior, pronta para despedaçar centimentro por centimetro do inimigo, viu no canto de sua visão Tetsuya se movimento, com a espada em punho. Axle tinha utilizado a nodaichi, mas não tinha ideia de seu efeito anti-magico. Sabia que ela não era comum, afinal tinha cortado a ligação entre dois planos, mas nas mãos dele tudo o que sentia era uma arma mundana.

    Pouco a pouco a curiosidade foi dando lugar ao medo. Viu quando ele saltou sobre Artemia e Jasor, brandindo a espada em um movimento perigoso. Por um momento Axle pensou que o raposo tinha perdido a sanidade, ou sido dominado pelo ciumes, e atacado os dois. A mão se moveu para o cabo do saber laser, temendo o pior. Então percebeu que o movimento dele quase não tinha força, estava muito mais focado na velocidade e precisão. Viu claramente a ponta da espada parar exatamente no local da ferida da ruiva, então recuar. Não foi preciso ver a reação de Artemia, sabia que ela ficaria bem depois daquilo. Aliviado, baixou os ombros e retirou o dedo de dentro do ombro do anjo. Foi ai que ouviu a dica do rapaz.

    - Obrigado pela dica, "garotinho". E bem vindo de volta

    Respondia com a mesma ironia mal educada, mas deixando claro que era bom que ele tivesse voltado a ser ele mesmo. Ia passar sua atenção para a asa do anjo, mas então Artemia chegou e quis esse direito. Mas ela estava transtornada. O que ela fazia e falava não parecia ser ela mesma. Era a situação oposta de Tetsuya. Axle se afastou do circulo que ela tinha projetado, com o dedo ainda pingando, mas não gostava do que estava vendo.
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    Mensagem  Jasor Messast Dom Ago 07, 2016 7:23 pm

    Como o fantasma não podia ajudar ? Não era tudo culpa dele aquilo ? Não era ele quem tinha inventado aquela mistura de anjos e demonios e depois deixado cair nas mãos de qualquer um ? Ele estava mentindo, so podia estar mentindo. Jasor não entendia nada o que estava acontecendo ali. Na verdade, desde que encontrou com aquele grupo, quase nada fazia mais sentido. Então ela ia morrer denovo, era isso ?

    Não sabia o que fazer para salva-la, mas se aquele era o fim, ela não estaria sozinha.

    - Se você precisar ir denovo, estarei ao seu lado. Mais uma vez até o fim.

    Se recordava amargamente da boate, da pira, das cinzas.

    - Mas se você aguentar, eu irei tirar a verdade do anjo. Você consegu...?!


    Ouviu tanto quanto ela a voz de Tetsuya naquele momento. Um sorriso dela e uma resposta. Foi tudo o que deu tempo de acontecer. Quando se virou, a enorme lamina descia em sua direção. Por reflexo, se afastou para trás a cabeça e o tronco para evitar o golpe que parecia vir na sua direção. Mas a arma foi mais alem. Ele teria coragem de atacar Artemia ?!

    Seu desespero encontrou com uma Artemia recuperada. A espada so tinha tocado no ombro dela. Não sabia que tipo de magia tinha naquela coisa, mas com certeza era poderosa pelo que podia ver. Então Tetsuya sabia como salva-la afim, assim como seu pai morto. Mais uma vez.

    Sentia-se mais uma vez como uma carta fora do baralho. Entre anjos, demonio, fantasmas e robos, ele era apenas um humano. Não saiba de nada, não entendia o que se passava. Todos pareciam falar grego ao redor dele, lançando suas magias cataclismicas e sua verdades abissais. E então sentiu o toque quente e suave em seu rosto, tão quente quanto a propria pele do loiro era. Ergueu o olhar e a viu novamente, como antes, feliz e tranquila. Lembro de como ela sorria timida quando tinha usado suas cantadas nela. Por um momento fechou os olhos, concentrando-se no toque gentil, esquecendo tudo mais, pelo menos naquele momento.

    Antes de ver ele sentiu. A ira. Ao abriu os olhos confirmou aquela sensação. Sentiu-a apoiar-se em seu ombro e acompanhou a passagem dela. Sua raiva era contra o anjo. Fazia sentido afinal, era ele quem tinha feito aquilo com ela. Replicava ate aquela circulo de fogo verde que o proprio Jasor tinha feito antes. Ela tinha mudado de uma hora para outra, tão rapido que não dava para acompanhar. Mas entendia exatamente o que ela sentia. O "sabor" profano ainda arrastava-se dentro dele, a ira quase incontrolavel, doce e corrosiva.

    Levantou-se sem dar muita bola para a agressividade contra o anjo, ele merecia. Sua atenção agora estava em suas roupas. Como podia ser, estavam tão iguais ! A sua jaqueta preferida estava ali intacta, como que por um milagre. Ela queria lembrar daquele tempo, queria lembrar dele. Dele ? Será que ela realmente sentia algo por ele ? Entre tantas perguntas uma palavra ecoava la no fundo, aproximando-se, aumentando. Messast. Messast. Messast.

    Virou-se para Fuyu, aproximando-se alguns passos.

    - Espere...você disse Baltazar Messast não disse ? Não disse ?! O que você sabe sobre meu pai ? Não minta pra mim fantasma !

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    Mensagem  Tetsuya Kitsune Ter Ago 09, 2016 7:48 pm

    “Creck” “Creck” “páf”...
    O dedo de Axle ia criando uma onomatopeia sem fim de ruídos perturbadoramente dolorosas. Era possível ouvir quando um tendão se rompia com força diante da pressão, quando um osso tornava-se pó. O anjo parecia estremecer, um fio de sangue escorrendo pela boca. Mordia os próprios lábios para não gritar em agonia, o ombro agora completamente luxado, o braço pendendo imóvel ao lado do restante do corpo rendido. Parecia estremecer todo, quase numa convulsão de dor. E quando Axle parou, deu um sorriso de desdém.

    -É....só isso...lavadeira?

    E sentiu o tranco súbito arrancá-lo, deparando-se com uma das coisas mais terríveis e intimidadoras no mundo: o olhar de uma mulher furiosa. O reflexo das chamas verdes que surgiam foram se espalhando na pupila do anjo, que se dilatava. Um fio de suor escorreu-lhe pela testa. Medo. Parecia ser de fato um soldado relativamente bom, capaz de suportar torturas físicas, mas...a promessa da danação eterna pareciam corroer-lhe a coragem. Um ser teoricamente eterno entendia bem o significado de “para sempre”. O sangue parecia fugir-lhe do rosto e extremidades, concentrando-se no cérebro e coração; era a adrenalina que fazia seu efeito pleno, tornando-o cada vez mais pálido. Podia quase ver a promessa de Artemia sendo realizada sobre si. O toque das sombras atormentadas pareceu ser a gota d’agua para a valentia do anjo. Mas até que ponto aquilo valia a pena? Quão longe Artemia precisaria ir na corrupção de si própria para arrancar aquelas informações? Curiosamente, as terríveis chamas não emitiam calor, nem pareciam danificar a matéria física, incluindo a ponta do pé de Axle ao se retirar de perto.

    Sua constituição inorgânica parecia ser uma bênção fundamental naquela situação... provavelmente seria um dos poucos, senão talvez o único, a poder entrar naquilo ileso. Não tinha uma alma para ser queimada pela chama perversa.

    -O-o mundo...está se tornando o-o Apocalipse...não temos anjos o bastante....não há humanos ou almas puras e nem tempo....precisavamos de soldados obedientes e rápidos....p-poderiamos transformar humanos, talvez até demônios em anjos para lutarem sob nosso comando...e salvar o mundo. E deu certo....nossa Salvadora, Iriel, nos deu a chave necessária para isso....sua pesquisa......poderia mudar tudo para sempre. Poderiamos destruir para sempre os demônios, banir o inferno...e terminar a guerra de milênios....você mais do que ninguém sabe a dor que esse conflito causa....v-você entende agora, que somos os salvadores, n-não é?

    O anjo dizia, quase clemente, em uma tentativa de converter Artemia a compreender seu ponto de vista. Afinal, ela de certa forma tinha uma parte angelical agora. Tentaria apelar por essa parte e se salvar.

    -M-me liberte...podemos consertar tudo, vamos...vamos torna-la uma anja completa...era o que você foi destinada para ser...e poderão se unir a nós para salvar este mundo...é-é o que todos queremos, n-não é?



    -------------------------------------------------

    Fuyu observava aquilo, em silencio, os braços cruzados, quando sua atençao foi chamada por Jasor.

    -Er...na verdade sou um fragmento de alma, não um fantasma. Fantasmas são almas humanas que vêm do limbo, geralmente com algo que os prenda à Terra, como algum objeto de valor sentimental, ou alguém, são movidos e se alimentam de sentimentos e emoções, por isso a compulsão em assustar os vivos...existem até lendas de um trem fantasma que viaja para varios lugares em busca de almas perdidas....então, erm....não sou um fantasma por não ter nada disso...

    O raposo sorriu sem graça a Jasor, explicando de forma quase didática. Mas continuou a responder-lhe. Agitou as caudas espectrais, curioso com a forma como se retratava a Baltazar. Arqueou a sobrancelha brevemente, mas preferiu não entrar em muitos detalhes. Será que Jasor nao sabia realmente de nada? Bom, não seria ele quem lhe diria sobre quem - ou o que - na verdade ele era. Era algo que seu "pai" deveria dizer, afinal.

    -Seu...uhm....pai...é um mago de grande renome em sua área. Um especialista. Não tive tanto contato com ele, mas me ajudou com algumas pesquisas...da ultima vez que o vi, estava usando uma catedral aqui perto como lar provisório e uma base para desenvolvimento de suas magias...Isso foi a bastante tempo, porém. Infelizmente não posso ajudar muito, mas talvez hajam pistas sobre o paradeiro dele lá...?
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    Mensagem  Artemia Ter Ago 16, 2016 4:12 pm

    - Apocalipse?

    Murmurou Artemia, desviando o olhar para o lado, momentaneamente. Conforme o anjo ia lhe contando os fatos, a cabeça da ruiva funcionava à todo vapor. Eram muitas informações e poucas soluções. A história dele não se distanciava da de Fuyu, em relação à criação de híbridos para ajudar no sistema céu-inferno. O problema é que o anjo acabara de mencionar algo preocupante para ela. Destruir o inferno não era realmente justo: simplesmente matar as espécies demoníacas não resolveria os problemas da humanidade. Para onde as almas cruéis iriam, após a morte?

    A ruiva sabia como o inferno poderia melhorar. Ela viu com os próprios olhos almas infelizes vivendo dia após dia na danação eterna, sofrendo por pecados há muito pagos. Almas que não mereciam estar ali. E até mesmo as que mereciam: o preço a ser pago é extremo. O que Artemia visa, assim como Fuyu, é algum tipo de reforma infernal. Um local onde as almas tenham possibilidade de aprender com seus erros, e não que sofram em vão, sem motivos aparentes.

    - ...salvadores? Vocês?

    Artemia riu calorosamente – principalmente com a tentativa desesperada do anjo em captura-la através de palavras que a conectavam diretamente com seu lado agora angelical. Porém, isso não funcionaria com ela. A ruiva estava sentindo dor, sim, mas nada que a fizesse ir contra seus princípios, estes que não mudavam, ainda que ela se transformasse em um réptil de três caudas.

    - Faça-me rir, anjo. Acha que eu sou idiota? – perguntou ela, aproximando-o um pouco mais de seu rosto, para que ele visse bem suas íris mudando de um verde vivo para um vermelho profundo, semelhante à cor de sangue. O que a deixava ainda mais enraivecida era o fato de ter uma outra voz agora falando em sua cabeça, na forma de sua própria consciência: enquanto uma lhe dizia para jogar o anjo nas sombras e deixa-lo sofrer eternamente, a outra se compadecia de sua situação, apelando para a salvação de um semelhante. A dúvida a corroía por dentro tanto quanto a dor que crescia em seus músculos, graças à força que utilizava para manter as chamas ardendo ao seu redor.

    Porém, seus princípios eram mais fortes. Sua opinião primária vencia a voz angelical apelativa em sua mente. Ainda com os olhos vermelhos de fúria, a ruiva lembrou-se da pergunta mais importante para ela própria naquele momento:

    - Onde está a cura pra essa porcaria que você colocou dentro de mim?!

    Vociferou ela; suas feições mudando bruscamente para algo disforme, trazendo à tona uma imagem demoníaca nunca vista antes na ruiva: devido à sua fúria crescente e desmedida, a ruiva ignorou completamente os gritos angelicais dentro de si, dando uma vazão extrema à sua parte demonesa. Seu rosto escureceu rapidamente, suas feições antes belas e atraentes se transformaram bruscamente em algo horrendo, disforme e sombrio - não era mais possível ver seu nariz ou seus lábios, nem sequer a cor ruiva viva de seus cabelos. Tudo foi tomado por uma escuridão medonha, deixando à mostra apenas seu par de olhos brilhantes e vermelhos. Todo seu corpo foi tomado pela mesma escuridão disforme, como se fossem galhos animalescos ao seu redor. Não parecia ser Artemia. Não parecia mesmo. Até mesmo sua voz havia mudado para muitos tons mais grave e praticamente guturais.


    Interior da Floresta - Página 4 1sjct3



    - ME RESPONDE, MALDITO!

    Exigiu ela mais uma vez, atiçando o fogaréu à sua volta, fazendo as chamas serpentearem em volta do anjo, queimando levemente suas vestes e cabelos: ele não sentiria dor, mas sim um desespero desmedido aliado à falta de esperança cruel que aquelas chamas lhe proporcionavam.

    Artemia demonstrava seu descontrole naquele instante: teria como ela voltar ao “normal”, depois disso?
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    Mensagem  Axle The Red Seg Ago 22, 2016 1:58 pm

    O indicador pintado de um vermelho que escorrida lentamente enquanto seu dono assistia ao interrogatorio. A ameaça do fogo profano quebrava a força de vontade do anjo em um piscar de olhos, fazendo-o revelar o plano na tentativa de convencer Artemia. A experiencia de Fuyu e Iriel havia sido roubada pelos anjos e convertida em uma forma de transformar quem eles quisessem em soldados obedientes. Estavam desesperados, mas ainda assim não abandonavam o orgulho nojento. Só queriam zumbis descartaveis, buchas de canhão para amaciar os demonios.

    Ouvia ao lado a conversa de Jasor e Fuyu, mas não prestava completa atenção ali. Estava mais focado no que o anjo dizia, e como a ruiva reagia a transformação. E reagia pessimamente. Cada vez mais transtornada, sua voz ficava mais rispida, seus olhos mudaram, e então até sua forma. Quando tinha voltado como succubus, ela ainda era aquela garota gentil e impulsiva de sempre, apenas mais lasciva como era de se esperar. Os chifres e asas não mudavam nada dela, mas agora ela se transformava em outra coisa pelo odio, e isso não era ela mesma.

    Axle não sabia que aquele fogo não podia feri-lo. Em toda sua existencia fogo era a coisa que mais podia machuca-lo, então aquilo não fazia sentido mesmo que informassem isso a ele. Similar ao fogo laranja de Jasor na pira, foi necessario uma grande dose de coragem para o reploid encarar aquilo. Um fogo espiritual, que queima apenas a alma, era um conceito que seria dificil para ele entender, muito mais do que um fragmento de alma consciente.

    - ARTEMIA !

    Disse alto e firme. Queria chamar a atenção dela, para que ela percebesse o que estava fazendo. Não era pena do anjo, era medo por ela.
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    Mensagem  Jasor Messast Seg Ago 22, 2016 3:04 pm

    Com dificuldade, Jasor tentou acompanhar todas as informações de Fuyu lhe passava. Fantasmas so podiam ser humanos, vindos do limbo, com uma ancora na Terra que os forçava a ficar e se alimentar de emoções. Emoções ?! Como alguma coisa se alimenta de emoção ? Pra começar, do que fantasmas eram feitos ? E que era o limbo ? E que diabo de trem fantasma era esse ?! (eu sei o que você fez ai seu pilantra !) Tudo aquilo não o deixava nada confortavel.

    Mas ai foi entendendo melhor. Ele não podia ser um fantasma, porque não era humano. Ele era pai de Tetsuya e Yumi, e eles eram demonios. Mas por que fragmento ? Não parecia quebrado em nenhum lugar. O que era então um fragmento de alma ?

    - Então, você não é um fantasma....do que um fragmento de alma se alimenta ? Do que demonios se alimentam ?

    Jasor coçava a cabeça, ainda mais confuso. Mas aquilo não era o que precisava saber. Queria saber sobre seu proprio pai ! Mas sobre isso o raposo tinha pouca informação, justamente o que era mais importante.

    - Tsc...há muito tempo né. Catedral, catedral, ok, ok...


    Não estava muito satisfeito, ja esperava não encontrar seu pai. Mas estava bastante agitado, olhando para o chão e batendo o pé.

    - Onde esta a bebida e o cigarro quando se precisa...

    Não era apenas ansiedade e preocupação que o deixava agitado. E logo ele percebeu isso. Algo se contorcia dentro de si. Quando virou o rosto para Artemia, viu uma coisa negra, eterea, de olhos vermelhos e chifres. A voz dela tinha se transformado em algo definitivamente demoniaco, e não havia mais um traço dela. Apenas aquele monstro medonho.

    E ainda assim ele sentia uma afinidade com o monstro. O odio abissal. Jasor segurou o peito na altura do coração e apertou a camisa. Sentia seu sangue correr mais rapido, sua respiração acelerar. O grito de Axle para chamar a atenção dela o deixava irritado, sem nenhum motivo. Jasor caminhou a passos pesados, passando pelo reploid, e tocou no ombro de Artemia. Ele não temia o monstro de sombras coesas. Onde habita a raiva não há medo. O fogo espiritual tambem não conseguia feri-lo. Seus dentes estavam apertados, veias saltavam pela pele esticada em musculos tensos.

    - Artemia...o odio...esta arranhando as entranhas...esse odio não é seu. Não deixe que nenhum dos lados vença...você não é uma marionete...a decisão é sua, não deles....
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    Mensagem  Tetsuya Kitsune Qua Ago 24, 2016 8:39 pm

    Fuyu coçou a nuca, pensativo. Procurava uma forma de explicar a Jasor de uma forma menos “mística”, e mais próxima a sua realidade.

    -Uhm, bem...na verdade não me alimento. Só uso minha própria energia para me suprir. Como um holograma, com uma bateria interna. Tenho bastante de sobra para me manter por muito, muito tempo. Demônios podem se alimentar de várias coisas, desde alimentos comuns a almas e energias diversas, incluindo...oh droga....

    O raposo espectral interrompeu sua fala instantes antes do inicio da transformação de Artemia, como se pressentisse a mudança na aura da garota.E observava aquilo estupefato. O desespero começava a lhe tomar por dentro; sentia-se impotente diante de tudo aquilo. Se tivesse seu corpo, o restante de sua alma talvez....Mas naquele estado não sabia o que fazer. Não sabia o que fazer. Talvez a memoria de alguma resposta se encontrasse em outro fragmento de si, e isso o frustrava ainda mais. Cerrava os dentes, em angustia, furioso consigo mesmo. Tinha uma espécie de carinho quase paternal com a ruiva, e vê-la daquela forma era sofrível.

    -A aura demoníaca dela está tomando conta de tudo....está querendo corromper a própria alma em malícia pura...precisamos impedi-la!

    Tetsuya estava lá fora, os pés semi-enterrados na neve, sentado ao chão. Uma das orelhas vulpinas se voltou para o lado, alerta, diante dos gritos e da voz sombria que começava a ouvir. Uma voz diferente, ameaçadora. Imediatamente se levantou, por reflexo já levando a mão à espada recém-adquirida. E deparou-se com a figura abissal diante do anjo. As 5 caudas se agitavam, inquietas, Tetsuya levando a mão ao cabo da arma.

    -O QUE VOCE FEZ COM....Artemia!?

    As chamas demoníacas foram a principio a única coisa que fez o rapaz associar a ruiva à criatura. Não presenciara a transformação por si próprio

    -E-eu não sei....j-juro, eu não sei!! N-não existe cura...!! – o anjo amedrontado dizia, os cabelos chamuscando as pontas nas chamas infernais. Só havia terror no olhar, um apelo por sua vida ou, pelo menos, pela liberdade de sua alma. Seu corpo todo estremecia.

    Tomado pela impulsividade costumeira, Tetsuya sacou a nodachi num corte diagonal ascendente, direto contra as costas do anjo, precisamente na abertura por onde as asas saíam. O corte se aprofundou exatamente naquele ponto, sendo interrompido pelo restante da armadura do anjo, que cuspiu sangue quase imediatamente; a nodachi cortara aorta e esôfago sem distinção, dando uma morte quase imediata ao ser celestial, cujo corpo começava a se desfazer em pequenas esferas luminosas. A espada era longa o bastante para manter o raposo fora do alcance das chamas, mas por muito pouco não era tocado por elas. E bastaria que Artemia aumentasse o raio de ação para que o mestiço fosse devorado pelas chamas infernais. Ele, ao contrário dos demais, seria gravemente ferido se o fato ocorresse...

    Para completar sua audácia, talvez até mesmo carência de bom senso, conjurou uma bola de neve relativamente compacta, e arremessou na direção do rosto de Artemia, dando uma discreta “pancada” não muito forte, mas o suficiente para mover levemente seu rosto para o lado. Curiosamente aquela neve, desprovida de alma própria, não sofria as consequências daquela chama perversa, atravessando-a sem derreter. O raposo-filho gritou tão logo a bola de neve lhe atingisse.

    -Pare com isso, idiota! Vai deixar essa aura demoníaca de rancor te dominar!?Pensei que fosse mais forte que isso!

    As luzes douradas em ascenção do anjo pareciam iluminar o rosto mal-humorado e rabugento de Tetsuya. O olhar franzido escondia a preocupação enorme pelo que ocorria com ela mas, orgulhoso, preferia passar a impressão de irritação. Aquilo somado ao fato de ter tomado a presa da garota era quase que uma “formula infalível de emputecimento” que tinha altíssima chance de deixa-la ainda mais descontrolada e tomada pelo ódio. Ou talvez, desviando/destruindo o foco de raiva da garota, seu ódio poderia reduzir. Uma aposta extremamente arriscada e imprudente, que fazia o pacífico Fuyu quase enfartar ao ver como aquilo se desenrolava.
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    Mensagem  Artemia Sex Ago 26, 2016 1:52 pm

    Fúria. Era tudo que Artemia conseguia sentir naquele instante. Um misto de sentimentos densos e negativos tomaram conta de seu ser, a transformando em algo nunca visto na ruiva antes. Seria aquela sua verdadeira forma, mascarada no dia-a-dia pela beleza exuberante de Succubus? Ou aquele era realmente um produto da confusão acerca das auras positiva e negativa, cuja briga parecia aumentar e – neste caso de agora – permitir com que a negativa vencesse?

    Ninguém sabia a resposta, muito menos a própria Artemia, que apenas servia de brinquedo nas mãos do céu e do inferno. Agora com aquela ira exrema, a ruiva não via nada além de objetivos mundanos e violentos em relação ao anjo à sua frente, quem ela considerava culpado por suas desventuras desde que chegou à cabana naquela tarde. Não percebeu quando sua própria forma mudou. Era como se estivesse em transe, sem conseguir observar nada além de sua própria cólera.

    Quando Jasor se aproximou, ela nada viu. Sua forma monstruosa e repleta de animosidade não pareceu repelir o barman, que ousou toca-la no ombro em uma tentativa de retira-la de toda aquela gana. Ele notaria, porém, que o corpo daquele ser que parecia substituir Artemia era translúcido, como uma fumaça negra de chaminé. Não havia sinal de solidez, nem sequer no par de chifres em sua cabeça. Os olhos vermelhos continuavam fixos no anjo, levando-o a uma cruel hipnose: no fundo da imensidão escarlate era possível visualizar todo o futuro que aquele ser tenebroso preparava para o rapaz angelical, um futuro no qual ele sofria dez mil vezes mais o que a própria Artemia havia lhe ameaçado anteriormente. Enquanto o “filme” passava diante do anjo, o ser translúcido ignorou Jasor por completo, como se nada do que ele lhe dissesse iria retira-lo de seu objetivo em acabar com a vida e a vida após a morte daquele anjo, que soltou, em seu último instante de vida, a frase que Artemia mais temia:

    “Não existe cura!”

    Não. Existe. Cura. Antes que o demônio se desse conta da ira triplicada naquela revelação, Tetsuya entrou em cena e agiu rapidamente, cortando o mal pela raíz, exterminando o anjo, que desapareceu em meio a pequenas esferas luminosas. O demônio permaneceu estupefato, como se não acreditasse no que havia visto. Sua presa havia sido capturada por outro. Quem foi o maldito que lhe roubou a chance de destruir, ele próprio, aquela alma?! Antes que procurasse, sentiu algo ser arremessado em sua face. O mais estranho era o fato de ele ter sido atingido: seu corpo translúcido, de alguma forma, absorveu o impacto e sentiu o frio incômodo do gelo – produto de sua repulsa.

    O ser horrendo se ergueu e caminhou rapidamente, e de forma furiosa, ao encontro de Tetsuya. Porém, conforme percorreu o pequeno trajeto até o mestiço, suas chamas foram desaparecendo rapidamente, bem como sua forma demoníaca foi se dissipando até voltar a ser novamente Artemia, completamente nua... e enfurecida.

    A ruiva empurrou Tetsuya até a parede mais próxima e forçou seu antebraço no pescoço dele, pressionando com violência conforme o encarava com um ódio nunca visto em seus olhos esmeraldas antes. Com os dentes cerrados e utilizando uma força fora do comum em seu braço, ela vociferou:

    - POR QUE?! ELE ERA MEU!

    E forçou o pescoço dele contra a parede mais uma vez, erguendo-o ligeiramente do chão.
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    Mensagem  Axle The Red Qui Set 01, 2016 4:57 pm

    Axle olhava estupefato para aquela forma negra e nevoenta sem conseguir encontrar uma solução para aquilo. Jasor, em um surto de coragem, tocou no ombro demoniaco e falou-lhe na esperança de traze-la de volta, igualmente sem sucesso como Red. A forma eterea não estava acessivel ao toque ou as palavras. E o pior, Fuyu dizia que seu lado demoniaco a estava dominando ! O que se podia fazer para impedir aquilo ? Essa era mais uma daquelas situações que o reploid sentia-se inutil no meio de toda aquela magica.

    Quando Tetsuya apareceu, fez a unica coisa que podia ser feita, bem ou mal. O anjo foi morto, algo que ninguem ali lamentaria na verde, e que impossibilitaria de Artemia concluir suas juras de violencia. Mas isso a traria de volta ao seu normal ? Ela voltara a sua forma humanoide, um alivio, mas sua raiva não havia diminuido. Pior, estava atacando o proprio Tetsuya, algo que nunca faria normalmente. E finalmente ai Axle podia fazer alguma coisa a respeito. Moveu-se rapido, evitando a area de chamas verdes no chão, encurtando a distancia até os dois demonios. Aproveitando-se da concentração ferrenha de Artemia, chegou por trás dela e passou os braços por baixo de suas axilas, erguendo na frente de seus ombros e então cruzando as mãos por trás do pescoço dela, uma manobra de imobilização. Seja como fosse, a puxaria rapido para longe de Tetsuya. Sua armadura era fria e dura, mas tomava todo cuidado para não machuca-la.

    - O que você esta fazendo, Artemia ? Esqueceu quem você é ?

    Toda aquela situação o deixava terrivelmente mal, se sentindo impotente, mas voz demonstrava um controle enorme, suas palavras tinham uma entonação de bronca e preocupação.
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    Mensagem  Jasor Messast Sex Set 02, 2016 12:14 pm

    A pequena aula de ocultismo de professor Fuyu estava fadada a nunca se concluir. No caso de Jasor, ia ser preciso muito mais tempo de esclarecimento ate que ele entendesse todos os conceitos que para o raposo eram quase naturais.

    Ao tentar toca a ruiva, a mão mergulhou no negrume etereo, desprovido de qualquer substancia solida. Jasor foi pego de surpresa pela novidade e então deu um passo para trás. O que era aquilo ? Olhando para sua palma, buscando uma explicação para aquela sombra intocavel, sentiu algo se aproximar no fundo de sua mente. Era medo. Em outro momento ele sairia dali o mais rapido que pudesse, temendo no inferno que aquela casa estava se tornando. Mas algo o impedia de ser dominado por aquilo, outro sentimento que o preenchia naquele momento. Era a raiva.

    Fechou seu punho o mais forte que pode, bem no momento que Tetsuya chegava gritando e matava o anjo. Não havia mais o alvo das ameaças e torturas. E não havia cura. Artemia seria aquela criatura de sombras para sempre ? Parecia mais que o plano dos anjos havia falhado. Ela parecia muito mais um demonio do que um aliado para eles. E sem distinguir Tetsuya de qualquer inimigo, ela o atacou !

    Axle fora mais rapido para interver naquela cena, de modo que Jasor observava a cena intrigado. Abaixando o corpo, mexeu com a mesma mão na poça de chamas deixada por Artemia como se fosse uma panela de sopa. O fogo se manteve ali, mesmo depois de abandonado pela ruiva. Ouvia, ao longe, o grito dos condenados, as almas vagantes, as mãos retorcidas tocando na sua.

    - Você não se importa não é Artemi....aaa....ohh ?!


    Quando levantou o olhar, esperando ver um monstro negro com chifres e olhos vermelhos, encontrou Artemia em sua forma normal, humana, ou pelo menos humanoide. E nua ! Ergueu-se com os olhos focados, deixando enfim o fogo verde sumir. E mais uma vez algo bateu de frente contra a raiva, o desejo relutante, e dessa vez ela cedeu. Admirava agora o corpo feminino, a despeito de toda aquela situação.

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