O reploid ria, dando um pequeno tapa nas costas de Axle.
-Hahah...de que cápsula você saiu?você realmente deve ser MUITO jovem ou demorou muito para despertar. E posso ver que está fingindo que viu tudo isso...Imagino que sequer tenha presenciado a grande revolução? Não se preocupe, já vi um assim, como você; algo deu errado e levou muito tempo para que ele saísse de seu estado de suspensão criogênica. Ele também nao queria parecer inexperientee até inventava histórias de guerra...
O "velho" reploid, ou pelo menos ele assim achava, virou de frente para Axle, falando com mais confiança. Acreditava ele estar na frente de um jovem inexperiente, talvez um protótipo estranho com plantas que não deu certo. Era certo por sua pose que ja nao considerava mais Axle como ameaça; subestimava-o. Explicava-lhe os ocorridos com o porte de um general que ensina um pobre soldado sobre o básico de segurar uma arma, com um claro sorriso orgulhoso.
-Aqueles eram tempos sombrios, de escravidão em que humanos sentavam comodamente atrás de suas mesas de mogno enquanto nos mandavam para batalha contra hordas e hordas de criaturas. Estávamos perdendo a guerra, até que decidiram que instalariam o vírus Delta em cada um de nós para que pudessemos defeden-los melhor. Aprimorar era mais barato do que construir mais reploids. Nao entendo toda a baboseira tecnologica, mas parece ter sido inspirado em algum outro virus bem poderoso que já existia....de qualquer forma, apenas uma parte deste virus foi instalada e foi chamado Virus Delta. Além de força, nos conferiu sabedoria, discernimento....pudemos ver as coisas com mais clareza, ver como nos escravizavam. Éramos superiores, e finalmente viamos isso...e começamos a tomar nossos proprios caminhos. Aí começou de fato a queda do reinado humano. Hoje são gado de vampiros e demonios, escravos como deveriam ser. Estou atualmente a procura de mais partes do virus Delta que se nao me engano consiste de 3 programas, eu tenho uma parte e você provavelmente deve ter a mesma instalada como todos nós. Acredito que quando completo, teremos a verdadeira iluminação...e finalmente poderemos nos tornar tudo aquilo que deveríamos ser. Dominaremos todas essas criaturas orgânicas como o traste que são, rastejando-se sob efeito de hormonios, buscando prazeres supérfluos na reprodução e embriaguez...mas o dia está chegando, meu inexperiente amigo.
O discurso do reploid parecia perigosamente semelhante ao dos antigos Mavericks, senão pior; muito provavelmente devido ao fato da origem do virus. Que grande ironia deveria ter sido quando o primeiro cientista instalou o tal virus no primeiro reploid...mas de toda forma, novas portas pareciam se abrir a Axle. O virus original estava em posse de Dark e provavelmente ninguem mais o teria, mas nada impedia que ele próprio conseguisse os tais programas e reconstruisse, ele proprio, o virus Sigma. Realmente parecia haver muito mais por trás daquela boate do que simples bebida e dança.
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"Pare de ficar me olhando dessa forma...!", ele ficava pensando em silencio, conforme percebia aquele olhar de Artemia para os proprios labios. Estremecia o corpo diante daquilo, um tremos que parecia partir da coluna, descendo até a ponta da cauda felpuda, que também agitava-se de forma inquieta. Finalmente Tetsuya erguia o rosto, mas manteve a cabeça apoiada sobre a mão. A loira também evitava cruzar olhares novamente com Artemia. Mas olhava de canto,enquanto uma orelha vulpina girava em sua direção, ouvindo cada detalhe do dialogo, uma vez que a atenção da ruiva agora repousava no barman.
-J-juntas!?n-não, não exatamente....s-só estou segurando a mão porque...uhn....pra nao nos perdermos! NÃO É O QUE ESTÁ PENSANDO, IDIOTA!!! - e dava um tapa no rosto de Jasor, ao ver o olhar malicioso de quem imaginava cenas eróticas entre as duas.
Parecia irritar-se excessivamente como ela parecia dar em cima do barman, e de forma birrenta fazia uma careta, fazendo uma curvatura inferior com os lábios como um "C" com as pontas para baixo e baixava as bochechas, numa expressão de deboche, enquanto falava para um ombro e para o outro, como se ficasse imitando Artemia com desdém de seu discurso. Ficava falando baixo consigo mesma num muxoxo irritado, como uma criança emburrada imitando alguém.
-bla bla bla quer dançar? bla bla qual seu nome? bla bla bla quer tomar um soco no meio da sua cara enxerida? bla bla bla sou uma pervertida dando bola pra alguem totalmente desconhecido...
Tetsuya começava a ranger os dentes enquanto ouvia a apresentação do rapaz."Chamar de amor...". Que ousadia! Que perversão sem limites! Não que se importasse com Artemia, mas estava sendo desrespeitoso, tocando-lhe a bochecha daquele jeito. Não que se importasse! Era um pensamento que o raposo repetia a si próprio mentalmente. Mas não podia estragar seu disfarce novamente. E aquele parecia ser uma boa fonte de informações...tinha que buscar alguma forma de relaxar e rápido. Começou a contar de 1 a 10, inspirando e expirando, inspirando e expirando.
Soltava o corpo sobre os ombros e se projetou para frente, dando um longo suspiro tentando se acalmar. O resultado foi péssimo; os seios apertados pela blusa branca velha que ganhou dos seguranças agora repousavam sobre o balcão, evidenciando-os ainda mais, enquanto as nádegas ficavam proeminentes pela curvatura, era uma pose não propositalmente mas extremamente sensual e insinuante. Um vampiro ali perto mordia o canto da boca ao ver a cena, e "sem querer" derramava o conteudo de sua taça sobre os seios de Tetsuya. O tecido branco rapidamente começava a absorver aquele liquido. Os olhos se dilataram. Ja tinha visto aquela cena perigosissima antes!!!!
-KYAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHH!!!SOCORRO ARTEMIAAAA!!!!!
Sem saber o que fazer, no desespero abraçava a ruiva, desesperada, tentando cobrir o proprio busto que começava a ficar transparente, colando-o contra o busto da ruiva. Aquilo ficava catastrófico de dimensões descomunais; o liquido agora começava a se alastrar e transparecer também a blusa branca e dourada de Artemia. Abraçava-a firme pelas costas e cintura, e em seu desespero até a cauda felpuda se enlaçava em torno da maga.
Era uma cena mágica, divina, o nirvana secular idealizado por todos os homens que ja passaram pela Terra desde a era paleozóica; uma loira e uma ruiva de seios colados separados apenas por tecido branco molhado e semi-transparente se abraçando. Uma singela gota de sangue escorria pelo nariz do vampiro ali perto.
Ao notar quão proximo estava da maga, e como a segurava, desviou o olhar pra baixo. Foi pior, o nervosismo fazia o coração quase saltar do peito; era inclusive possivel senti-lo bater com força no ictus cordis* (vide explicação no fim) devido à proximidade entre os dois corpos. Sentia como se fosse infartar a qualquer instante; queria sair correndo, mas nao podia tanto pelo fato de ter que manter sua aura cobrindo a maga, quanto as blusas molhadas. Nao podia congelar ali também; do contrario os dois tecidosem contato acabariam rasgando se estivessem em contato um com o outro. E não menos importante, mas ainda assim de forma subconsciente, queria tirar Artemia de perto daquele barman abusado.
-BANHEIRO!BANHEIRO!BANHEIRO!!!AHHHHHHHHHHH!!!!!
Morrendo de vergonha, começava a andar de lado como um carangueijo, colada com Artemia, rapidamente na direção dos banheiros.
(*Ictus Cordis: região do torax em que se localiza no encontro entre a linha imaginaria do meio da clavicula e o espaço entre a 4a e 5a costela do lado esquerdo do torax, dá pra sentir o coração batendo contra a parede toracica nesse ponto ^^)